14 - XXI. LENÇÓIS - BA. 2014 (PARTE 01)




# - Planejamento e acerto da equipe.

A trilha do XXI, mistério e curiosidade para a equipe dos Pobres Mochileiros. Faaeel e Fafau desejavam explorar esse trecho a fim de observar e curtir a paisagem. Entretanto, havia poucas informações divulgadas sobre o trecho e os guias não passavam informações. No inicio de Outubro, em um Sábado, Faaeel e Fafau se encontraram em uma livraria com um amigo que pratica trilhas e tem bastante experiência com as rotas na região da Chapada Diamantina, chamado Eduardo (o mesmo rapaz que orientou a Faaeel no ano de 2012 a fazer a trilha da Cachoeira da Fumaça por baixo). No dialogo, Eduardo argumentou a sua experiência na trilha e ensinou os principais trechos  feitos em croqui. Com esse “documento” e o mapa da rota, Faaeel e Fafau planejaram o roteiro e decidiram atacar a trilha do XXI. A noite, os dois receberam a ligação de um amigo que não via há alguns anos. Esse rapaz se chama Jânio, mais conhecido como Índio. 

Na resenha, Fafau fez o convite para o Índio ir com Faaeel atacar a trilha do XXI, após os detalhes do roteiro, o índio solicitou apenas uma mochila cargueira emprestada, já, que, ele não tinha. Faaeel se prontificou em emprestar uma mochila reserva de 50l. Após alguns dias, Graziela liga para Faaeel querendo fazer a trilha do XXI, junto com os demais. Ela deixou para ultima hora pelo fato de ter voltado de um “mochilão” feito na América do Sul. Sendo assim, a equipe ficou fechada com: Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio. Na semana da viagem, o amigo Eduardo encaminhou para Faaeel as coordenadas geográficas, junto com a rota da trilha, tendo o seu inicio em Lençóis / BA. Como Faaeel possui um GPS para pratica de trekking, o arquivo foi bastante útil.

As trilhas da região da Chapada Diamantina podem ser alteradas, sendo complementadas ou até feitas por partes. Por exemplo: A trilha da Cachoeira da Fumaça (POR BAIXO) é normalmente feita em três dias e duas noites, sendo o seu inicio no município de Lençóis / BA, ou no Vale do Capão (Distrito que pertence ao município de Palmeiras / BA). Entretanto, a trilha pode ser modificada. Continuando do exemplo da trilha da Fumaça (Por baixo), o trilheiro pode fazer pelo Vale do Capão, onde o primeiro ponto de ataque é a própria cachoeira e depois voltar pelo mesmo percurso. Outra alternativa é fazer o percurso da trilha da fumaça e integrar com a trilha da Cachoeira do Capivari e do Mixila, aumentando a quilometragem e a duração para cinco dias, gerando um único roteiro.

Após o exemplo da trilha da cachoeira da fumaça (por baixo), particulariza-se para a trilha do relato, que é a XXI. O roteiro clássico é o que será apresentado ao relato. Porém, essa trilha tem as mesmas possibilidades de integrar com outras, fazendo com que o percurso se torne mais curto ou mais longo. Isso irá depender do planejamento do trilheiro.

Sendo assim, com todo o planejamento pronto, Fafau, Faaeel e o índio Jânio, marcaram de se encontrar no dia 30 de outubro, no terminal rodoviário de Salvador-BA. Enquanto Graziela estava no município de Feira de Santana / BA na espera dos demais. 



 - Salvador, 30 de outubro de 2014. Quinta-feira.


# - Lençóis – BA (CENTRO).

Dia da viagem, o Índio Jânio chegou muito cedo a rodoviária do município de Salvador / BA. O mesmo saiu cedo de casa pelo fato de morar em outro município, que está integrado na região metropolitana de Salvador / BA, chamado Pojuca / BA. Esperando pegar engarrafamento na BR-324, o Índio saiu de casa e acabou não pegando o diário engarrafamento na estrada, chegando muito cedo na rodoviária, por volta das 19:00. Sendo que o horário da viagem está previsto para as 23:15. Fafau e Faaeel saíram as 22:00, chegando no terminal rodoviário em cima do horário, as 23:00.

Como previsto, o ônibus saiu as 23:15, em direção ao município. Para seguir até o município, de ônibus (partindo da cidade de Salvador / BA), o trilheiro deve se dirigir até a empresa Rápido Federal e comprar a passagem da linha 145 – Salvador / BA x Seabra / BA, que possui uma de suas 4 paradas no município de Lençóis / BA. As 00:20, o ônibus chegou no município de Feira de Santana / BA, realizando sua primeira parada. No terminal estava Graziela, ultima componente que faltava no grupo. Com todos embarcando, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio chegaram no município de Lençóis / BA as 05:15 da manhã do dia 31 de outubro.



- Lençóis, 31 de outubro de 2014. Sexta-feira.


# - Serra do Grisante.

Ao chegarem no município de Lençóis / BA, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio foram abordados por guias locais, pressionando para ser condutor do grupo. Faaeel e Fafau, que já conhecem a abordagem dos profissionais, foram objetivos na rejeição do convite, argumentando que estavam na cidade para ver um amigo. Sem persistência, o guia se retirou e ficou concentrado na rodoviária para abordar outros passageiros que vieram no mesmo ônibus. Os quatro caminharam a procura de uma panificadora aberta para se alimentarem. Entretanto, por conta do horário, as maiorias das lojas do município estavam fechada, exceto uma barraca, localizada de frente a ponte, onde se concentram os guias. Esse local não traz boas recordações ao grupo (no [RT] 05 está um fato que ocorreu nessa barraca), deixando Fafau, Faaeel e Graziela cismados. O Índio Jânio, que não sabia do que estava acontecendo, perguntou aos demais para se deslocar até a barraca, já que era o único local aberto no momento. Porém, Faaeel impediu do Índio Jânio e os demais em seguir até o local, pressentindo o que iria acontecer se os guias observarem o grupo com suas cargueiras e equipamentos para encarar trilhas longas. Sendo assim, Faaeel mandou Fafau e Graziela seguir até a Rua do Banco do Brasil, que fica afastada do grande centro, enquanto ele e o Índio foram comprar pães e café com leite na barraca localizada em frente a ponte.

No local, os dois pediram pão com queijo e dois “copões” de café (para levar), enquanto os guias ficaram observando. Um deles olhou para Faaeel e disse: - “te conheço de algum lugar”. Entretanto, Faaeel passou de despercebido e disse que o rapaz poderia está confuso, já que muitas pessoas visitam o município, sendo, que, Faaeel conhecia o rapaz, mas não tinha tempo para uma prosa com o mesmo. Após o senhor da barraca servir o café, os dois seguiram até a Rua do Banco do Brasil. Chegando por lá, serviram os pães e dividiram o café para os demais, se alimentando ali, “no meio da rua”. As 05:40 da manhã, Fafau, Faaeel, Graziela e o índio Jânio iniciaram a caminhada até o inicio da trilha do XXI.

 Foto 01 – Graziela, Índio, Faaeel, Fafau.Centro: Lençóis, Bahia, 2014.

Passando pela Praça Horácio de Matos, os quatro chegaram até a Rua do Hotel Portal Lençóis, onde é a principal referência para encontrar a trilha que da o acesso ao Rio XXI. * Para chegar até o hotel portal lençóis, saindo da rodoviária, o trilheiro deve seguir até a ponte acima do Rio Lençóis, atravessar e caminhar pela direita, até visualizar o Banco do Brasil. Chegando na rua onde está localizado o banco, continua a caminhada, subindo, onde vai visualizar à Praça Horácio Matos,  que está mais a frente. No fim da praça deve virar a esquerda e seguir por outra rua, onde está localizada uma base da EMBASA (Empresa Baiana de Saneamento Básico da Bahia). No final da rua existem várias casas cercadas de muros altos, ali é o Hotel Portal Lençóis. No final do muro está um caminho de terra, bem batido. Esse ponto é o inicio da trilha.

Achando a trilha, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio iniciaram a caminhada no trecho bem batido, caracterizado por vegetações herbáceas, acompanhadas de vegetação arbustivas (a citada no final em menor quantidade). Distraindo na trilha, os quatro pegaram um caminho errado, com o seu termino em uma toca onde mora um senhor. * Esse senhor é bem conhecido no município. Segundo alguns moradores, ele mora em uma toca há alguns anos. Essa toca da direção a trilha da Cachoeirinha e Primavera. Fafau, Faaeel e o Índio Jânio foram até esses locais no ano de 2012 e conhecia as características da trilha. Passando por essa toca eles perceberam que pegaram o caminho errado, recorrendo ao GPS para consultar o Tracklog. Na consulta os três confirmaram o que já imaginavam e voltaram em direção ao inicio da trilha. No caminho, Faaeel observou uma pequena trilha, a esquerda, que da em direção aos lajedos. Consultando o mapa de papel, Faaeel confirmou que a trilha correta era a ultima citada e caminharam, a esquerda, em um caminho íngreme com vários fragmentos de rochas encaixadas parecidas com a da estrada real e de mata fechada, onde estava localizada uma grande alvenaria na margem direita da trilha.

Foto 02 – Graziela, Índio, Faaeel, Fafau. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

No final do trecho, os quatro observaram que a trilha estava mais batida. Na margem direita encontraram uma rocha onde possibilita observar toda a área urbana da cidade de Lençóis / BA, além do Serrano (formado pelo Rio Lençóis), que está ao fundo da trilha. Sendo assim, Faaeel “escalaminhou” e fez um registro da paisagem.

Foto 03 – Vista do Serrano e da cidade. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

Por volta das 09:00 da manhã, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio chegaram a um imenso lajedo inclinado, esse ponto é a principal referência ao trilheiro de que está sobre a Serra do Grisante. A partir dali os quatro iniciaram uma forte subida, entre os lajedos, observando as marcações estratégicas feitas no local. Trilha de lajedos é um pouco perigosa, no sentido de aumentar a possibilidade em se perder. Os lajedos confundem muitos indivíduos, tornando a trilha um labirinto, onde nunca se acha a saída. Entretanto deve observar se não existe alguma marcação ou desgaste nas rochas feitas por caminhadas. Se não existe nenhum desses fatores na trilha, o trilheiro deve fazer sua própria marcação em lugares estratégicos, como forma de segurança em caso de “mapear” o caminho nos lajedos e no final perceber que está seguindo no caminho certo ou errado. Como nesse trecho existia marcação feita por alguns guias, que levam condutores até o XXI, o grupo não necessitou em marcar (“criar”) novas marcações. E mesmo se necessitasse, os quatro iriam consultar o tracklog que está no GPS de Faaeel. Por tanto, com a primeira marcação observada por Faaeel, o grupo iniciou a subida da Serra. 

Foto 04 – Graziela, Índio Jânio, Fafau. Serra do Grisante. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

No decorrer da subida sobre a serra, Faaeel observou uma bela planta da família Bromeliaceae. A espécie é a Orthophytum burle-marxii, mais conhecida como Bromélia raio de sol. O mesmo aproveitou para fazer um registro da bela planta. Outros exemplares da mesma espécie estavam espalhados sobre os lajedos da Serra do Grisante. Depois do registro fotográfico o grupo seguiu em caminhada em direção ao Rio Ribeirão.

Foto 05 – Bromélia. Orthophytum burle-marxii. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.


# - Rio Ribeirão.

O final da Serra do Grisante é quando a trilha se caracteriza por um minibioma, de Mata Atlântica, cravada em uma região predominante da caatinga do Estado da Bahia. Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio fizeram uma parada para observar essa paisagem. Logo atrás deles está um imenso lajedo com vegetação características da caatinga e logo a frente está um solo escuro, fértil, com vegetação características de ambiente da mata atlântica. É um fato natural encontrado em vários locais do país, sendo muitas vezes “generalizados” pelos livros e programas (Como se o Nordeste só é caatinga, predominado pela Seca, e o Centro-Oeste pelo Cerrado, etc.) Sendo que não é a verdade.

Continuando a caminhada, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio seguiram por uma trilha fechada, com bastante cautela, sendo necessária a “quebra” de alguns galhos para abrir caminho e ter visibilidade do solo “batido”. Esse trecho possui uma leve descida, escorregadia, pelo fato de possuir muitas folhas secas e úmidas no chão. A luz solar penetra com pouca intensidade no ambiente, deixando o local “sombrio”.

Foto 06 – Faaeel. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

No final do minibioma aparece uma bifurcação, onde oferece a dois destinos. Do lado esquerdo, no trecho bem batido, a trilha segue em direção a Águas Claras e Morrão (disponível no [RL 06]). Esse trecho faz parte da trilha Capão x Lençóis / BA (Via Morrão e Águas Claras); Em linha reta, em um trecho menos batido, íngreme, e inclinado (“forte descida”), leva em direção ao Rio Ribeirão, destino do grupo para seguir até o XXI. Como Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio estavam em direção a Cachoeira do XXI, os mesmos iniciaram a descida em direção ao Rio. Esse trecho é conhecido pelos nativos como “boqueirão”. No local possibilita a vista de um grande vale, que possui o mesmo nome da Cachoeira e do rio, chamado de XXI.

Foto 07 – Vista do Vale do XXI. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

Iniciando a descida, os quatro foram bastante cautelosos pelo fato do trecho possui rochas soltas, ao lado das ribanceiras. Próximo ao leito do rio, já no final da descida, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio encontraram dificuldade para achar a trilha, devido a mata alta composta por grandes capins (é o que parecia) cobrindo a trilha. Os mesmos precisaram se “arriscar” sobre a mata a fim de prosseguir, com risco de encontrar alguma serpente ou inseto venenoso, devido a pouca visibilidade do local, Esses locais servem de abrigo ou esconderijo para essas espécies. No final do trecho o grupo chegou ao leito do Rio Ribeirão, que estava com a capacidade de água abaixo do normal devido a estiagem.
Foto 08 – Boqueirão. Vista do Rio Ribeirão. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014

Foto 09 – Faaeel, Graziela, Índio Jânio (camisa verde), Fafau.  
Rio Ribeirão. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.


# - Rio XXI.
O grupo aproveitou para fazer uma parada no leito do Rio Ribeirão a fim de descansar. Faaeel e Fafau consultou o mapa e observaram que a trilha continua sobre a Margem esquerda do rio, em direção ao seu fluxo. Achado a direção correta, os mesmos encheram as garrafas e passaram uma água no corpo devido ao forte calor.

Com as cargueiras nas costas, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio prosseguiram na caminhada sobre a margem esquerda do rio Ribeirão, a trilha se caracteriza por fragmentos bem batidos e lajedos. Por volta de 05 minutos de caminhada, o grupo estava na bifurcação (encontro dos Rios: Ribeirão e XXI) e fizeram mais uma parada para saber qual caminho seguir.

A bifurcação citada é o encontro do Rio Ribeirão com o Rio XXI. Entretanto o Rio XXI estava seco, só com seus aglomerados de rochas espalhados sobre o leito, deixando uma duvida no grupo se realmente era o leito do Rio XXI ou se o rio estava mais a frente. Faaeel percebeu que ele e os demais estavam no Vale do XXI e que o rio percorria sobre ele. O mesmo afirmou que o leito seco era o Rio XXI e que a trilha continuava ali. Fafau o questionou e pediu para da mais uma olhada aos arredores para ver se não estaria mais a frente. Sem perca de tempo, Faaeel fez mais uma consulta no GPS que apontou que o caminho correto é na bifurcação a direita, sobre o leito do rio seco.

Foto 10 – Graziela, Índio Jânio, Fafau. Rio XXI. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

O inicio da trilha no leito do Rio XXI é um grande desafio e experiência para os trilheiros, pelo fato de ser entre aglomerados de rochas cobertas de limos e com grandes raízes em sua volta, além da grande quantidade de mosquito que “atrapalha” na caminhada. O rio fica encravado sobre dois grandes paredões. O leito do rio é caracterizado por vegetação arbórea, arbustivas e herbáceas que dificultam a penetração da luz solar.

Apesar de não ser um trecho considerado “longo”, essa parte da trilha se “torna longa” pelo fato do solo acidentado e dos cuidados que o trilheiro deve ter na caminhada. Fafau, Faaeel, Graziela o Índio Jânio iniciaram o trecho com bastante cautela, por conta das rochas escorregadias por causa dos musgos. Os mosquitos iniciaram seu ataque aos quatro, deixando-os todos “empolados” em poucos minutos, causando uma forte coceira. Após 25 minutos Fafau encontrou uma cascata e chamou os demais para encher as garrafas e se banhar para aliviar a coceira ocasionada pelos mosquitos.  

Foto 11 – Fafau, Índio Jânio. Rio XXI. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014

Antes de prosseguir, Graziela resolveu beber um pouco de água na cascata, quando estava próxima a queda, a mesma escorregou nas rochas molhadas e caiu de frente sobre outra rocha mais a frente, assustando os demais. Fafau, Faaeel e o Índio Jânio se preocuparam e a primeira reação dos três foi pedir para Graziela não se mexer e ficar do jeito que ela está. Após da uma olhada e “perceber” que não possuía nenhum trauma, Fafau, Faaeel e o Índio Jânio pediu para que Graziela movimentar-se o corpo bem devagar e se levantar-se. Em seguida Faaeel percebeu que Graziela havia levado um corte profundo abaixo do queixo. Sem ela perceber, Faaeel avisou para Graziela que ela tinha um pequeno ferimento no queixo e que não era para se preocupar. O mesmo lavou o corte e passou uma pomada anti-inflamatória para amenizar o ferimento. Depois de está tudo bem com Graziela o grupo continuou a “caminhada” sobre o leito do Rio XXI.

No decorrer da trilha um Marimbondo (uma espécie de vespa) começou a perseguir o grupo. O animal não deixava ninguém em paz, esperando um vacilo para poder atacar. No final desse “duelo” o inseto acabou escolhendo o amigo Faaeel, que tomou uma ferroada no dedo da mão esquerda, que deixou um grande caroço e fortes dores no dedo.

Foto 12 – Graziela, Índio Jânio, Fafau. Rio XXI. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

Com mais de uma hora de caminhada, no leito do Rio XXI, já por volta das 11:30 da manhã, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio chegaram em um trecho do rio onde possuía água corrente (com seu fluxo fraco e limitado), formando vários poços rasos de água parada. O grupo aproveitou para encher as garrafas e fazer um repouso. Entretanto o repouso não pode ser feito pelo fato dos mosquitos começarem a “perturbar” a todos, esgotando a paciência dos mesmos. Mais a frente Fafau escutou um forte barulho de queda d água, é sinal de que está próximo de uma cachoeira. Ao meio-dia, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio estavam a frente da bela Cachoeira do Fundão.

Foto 13 – Rio XXI. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.


# - Cachoeira do Fundão (por baixo).

A Cachoeira do Fundão possui, aproximadamente, 150m de altura. Sua queda forma um poço ovulado, com pequenos “pontos” profundos, sua margem é rasa devido as rochas areníticas que “moldam o poço. Suas águas são de coloração marrom (cor de ferrugem), devido a decomposição das plantas e os minerais das rochas, e seus paredões são caracterizados por rochas sedimentares e vegetação arbórea e arbustivas, que da um diferencial na paisagem.

Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio acomodaram suas cargueiras e foram observar de perto a Cachoeira. Quando chegaram ao poço observaram vários animais parecidos com “girinos”, mesmo assim os quatros encaram a água gelada. Na resenha, Faaeel falou que Eduardo (amigo dele e de Fafau) argumentou que o acampamento está acima da Cachoeira do Fundão, ou seja, que poderia aproveitar bastante o local por conta da base de descanso está perto.

Foto 14 – Cachoeira do Fundão. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio foram até as quedas, onde “escalaminharam” a cachoeira até um ponto que da para se banhar com a mais forte queda d água. Os mesmos não demoraram muito por conta da água está bastante gelada e o sol está escondido entre as nuvens. Após, o grupo fez um lanche e ficaram observando a bela Cachoeira do Fundão.

A caminhada entre o inicio do Rio XXI até a Cachoeira do Fundão durou duas horas, pelo fato do trecho ser bastante acidentado, ao leito do rio escorregadio e bastante rochoso, além do acidente de Graziela que levou certo tempo até a sua recuperação. Como foi citado no relato, a partir desse trecho os mosquitos vão acompanhar o trilheiro até o final da trilha, onde vem de bando para querer te atacar. O grupo sofreu na pele esse ataque dos mosquitos, ficando cheio de caroços que coçava até ferir. Quando for fazer a trilha do XXI deve levar um bom repelente. Como diz o amigo Fafau: “OS MOSQUITOS BATEM CERTOS”.

As 15:00, o grupo iniciou a procura para achar a “subida do fundão”, próxima etapa que faz parte da trilha do XXI. O ponto base da subida o grupo já sabia, que era no lado esquerdo da cachoeira, em um local oval, que serve até de base para montar acampamento. Faaeel e Fafau observaram esse ponto e foram explorar o local. Chegando por lá os mesmos notaram uma pequena trilha, batida, a esquerda, onde iniciaram a caminhada. Entretanto, a trilha logo se acaba em uma imensa ribanceira. Os mesmos voltaram e observaram os arredores mais com calma. Nesse decorrer de tempo, Faaeel achou uma trilha mal marcada e coberta pela vegetação, o mesmo iniciou a “escalaminhada” sobre ela, achando uma marcação feita em uma das rochas. Após prosseguir pela trilha, Faaeel encontrou um trecho batido que tem seu termino em uma imensa rocha. Analisando o local o mesmo observou que acima existe um tronco (que alguém colocou) que serve de apoio para subir até a grande rocha. Após a subida o mesmo visualizou um trecho bem batido, que deve ser a continuação da trilha. Sendo assim, Faaeel voltou e avisou aos demais que tinha achado a trilha correta que leva em direção até o acampamento base do fundão.

Para achar a continuação da trilha não foi fácil. Mesmo com a consulta em mapas e no tracklog, não foi possível achar o inicio do trecho. Os conhecimentos adquiridos nas trilhas e nos diálogos com outros trilheiros, além da experiência em outras trilhas, ajudou o grupo a localizar o caminho que leva a uma forte subida ao lado da queda da Cachoeira do Fundão. Essa procura durou em torno de 30 minutos, pelo fato de ter pensado ter achado a trilha, e da de encontro com uma grande ribanceira. Além disso, a exploração do Faaeel de ir até um ponto mais acima para ver se realmente era a trilha e voltar para avisar os demais que tinha localizado o caminho correto, fez com que elevasse a perda de tempo.

Foto 15 – Faaeel, Graziela, Fafau, Índio Jânio. 
Cachoeira do Fundão Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.


# - Acampamento Base do Fundão.

Com a localização da trilha, o grupo iniciou a forte subida na margem esquerda da Cachoeira do Fundão. No inicio até o final da trilha, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio foram bastante cautelosos e cuidadosos na hora da escalaminhada. Faaeel foi na frente, pois já conhecia o caminho. O mesmo escalaminhava e parava frequentemente para pegar a mochila cargueira de quem estava abaixo para subir.

Boa parte da subida, na margem esquerda da Cachoeira do Fundão, é necessário um apoio de quem está na “linha de frente” para segurar as mochilas cargueiras dos demais. Algumas ribanceiras e rochas são altas, obrigando ao trilheiro a praticar a “escalada” para subir e prosseguir na trilha. Escalar com a mochila cargueira é possível, porém deve ter muita prática para equilibrar o corpo junto com o peso da cargueira. Em ribanceiras é comum o peso da mochila desequilibrar o trilheiro em trechos que necessite da pratica de escalaminhar.

Nesse processo o grupo chegou a um ponto onde possui um paredão que é necessário escalar para seguir na trilha acima. Com uma pausa para respirar e estudar como o grupo vai subir, Faaeel observou que no local tinha um tronco atravessado entre duas rochas, onde serve de apoio para colocar as mãos e pegar um impulso para chegar na trilha acima. Fazendo isso, o mesmo “escalaminhou”, se apoiando entre duas rochas, até pegar impulso para chegar o troco de apoio. Após, ficou de pé no tronco e se apoiou novamente em uma rocha acima, impulsionando seu corpo, de costas, até a continuação da trilha. Em seguida Fafau fez o mesmo procedimento e se apoiou no tronco, ficando ali por um tempo para ajudar a transportar as cargueiras que estavam mais abaixo com Graziela e o Índio Jânio.

O Índio Jânio tem fobia de altura, e o grupo sempre avisava para não olhar para baixo, que deveria se concentrar na trilha. Apesar do medo, o Índio Jânio fez conforme combinado, passando segurança para os demais. Ele foi o responsável de carregar as quatro cargueiras (uma por uma), passando para Fafau (que estava apoiado no tronco), que em seguida foi passada para Faaeel (que estava na rocha acima, onde continua a trilha).

Fazendo o transporte das cargueiras, Fafau se deslocou até um trecho ao lado do tronco, onde ajudou o Índio Jânio e Graziela subir até o tronco e em seguida até o ponto onde Faaeel estava. Após os dois terem chegados até a continuação da trilha, Fafau subiu e estava com os demais. Essa etapa durou em torno de 30 minutos. 

Foto 16 – Graziela, Índio Jânio, Fafau Subida na margem da Cachoeira do Fundão.
 Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

A partir dali a trilha é mais tranquila e batida, facilitando a “escalaminhada”. Entretanto o trecho ficou mais escorregadio, devido a grande quantidade de folha seca que estavam úmidas, devido a queda da Cachoeira localizada ao lado da trilha. A terra estava fofa em uns trechos, fazendo com que os quatro ficassem bem atentos. Após o trecho batido, Fafau, Faaeel, Graziela e o Índio Jânio chegaram acima da Cachoeira do Fundão, no leito do Rio XXI. Com o fim da subida, os mesmos foram localizar o acampamento base do Fundão.

O amigo Eduardo já tinha passado o macete para Faaeel e Fafau, que anotaram no mapa xerocado levado por eles. Segundo Eduardo, o percurso na margem da Cachoeira do Fundão é o trecho mais difícil e perigoso de toda a trilha (e realmente, até aqui, continua sendo), e que o acampamento base está na margem direita do Rio XXI, a poucos metros do fim do topo da Cachoeira do Fundão. Uma dica para encontrar o acampamento é uma pequena trilha que está logo acima da margem direita do Rio XXI, dando acesso até o acampamento.

Seguindo as informações do amigo Eduardo, Faaeel e Fafau foram procurar o acampamento na margem direita e logo localizaram, sem dificuldades. Os dois avisaram a Graziela e o Índio Jânio, que pegaram as cargueiras e foram a direção deles. Os quatro subiram até a margem direita do Rio XXI e caminharam pela pequena trilha, batida, margeada pela vegetação herbáceas e arbustivas. Mais a frente o grupo encontrou um terreno plano, com mais da metade da área coberta por grama e alguns varais (provavelmente montados por guias).


Foto 17 – Acampamento base do Fundão. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

Nesse local será a base do grupo para passar a primeira noite. O local é ponto obrigatório para acampar, depois de percorrer mais da metade da trilha. Na área os quatros montaram as barracas, tiraram os tênis unidos e seguiram até o leito do Rio XXI para tomar um bom banho. Um pouco abaixo no leito do Rio, após o final da trilha da subida da Cachoeira do Fundão, o Índio Jânio encontrou uma cascata que parecia um “chuveiro natural”. O mesmo desceu e chamou os demais para se banhar ali. A água estava muito gelada e a cascata forte, servindo para massagear as costas depois uma longa caminhada com as mochilas cargueiras. Os quatros usaram apenas Sabão de Coco para passar no corpo e lavar os cabelos.  

Foto 18 – Faaeel, Graziela, Índio Jânio, Fafau. Rio XXI. Trilha do XXI: Lençóis, Bahia, 2014.

No final da tarde o grupo preparou um bom almoço (macarrão, feijão preto, Estrogonofe de Grão de Bico e Carne de Sertão). Graziela foi a única que não comeu a Carne e nem o feijão preto, pelo fato de ser vegetariana. Após o almoço o grupo resenhou e planejou o percurso do próximo dia. A noite Fafau e Graziela preparam o café, enquanto Faaeel foi lavar os pratos. Após a refeição, os quatro fizeram uma pequena fogueira e ficaram observando o céu bastante estrelado, devido a pouca iluminação do local. Por volta das 21:00 as estrelas sumiram, dando inicio a uma garoa, fazendo com que cada um se recolher-se a fim de descansar, para no dia seguinte continuar a caminhada na Trilha do XXI.  












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Inicio esse blog com uma adaptação de um prefácio do livro Homens e Caranguejos, escrito pelo autor Josué de Castro (1908-1973), na perspectiva em mostrar ao leitor o que os relatos podem contribuir (ou não) em seu planejamento, em sua viagem, ou até mesmo na construção de um capitulo da sua vida.

" Nas terras [...] do Nordeste brasileiro, onde nasci, é hábito servir-se um pedacinho de carne seca com um prato bem cheio de farofa. O suficiente de carne - quase um nada- para dar gosto e cheiro a toda uma montanha de farofa feita de farinha de mandioca, escaldada com sal. Foi talvez, por força, deste velho hábito da região do Nordeste Brasileiro, que resolvi servir ao leitor deste blog, muita farofa com pouca carne. Sentido que a história que vou contar (através dos relatos), uma história magra e seca, com pouca "carne de emoção". Resolvi desenvolver os textos bem explicativo que engordasse um pouco desse blog e pudesse, talvez, enganar a fome do leitor - a sua insaciável fome de aventura e emoção - em busca de objetivos e ações na constituição de um "novo", uma mudança em suas práticas cotidianas, na concepção em viver os momentos e aproveitar o sentido da vida" (CASTRO, 1967).

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