19 - [RT] - POÇO DO GAVIÃO. VALE DO CAPÃO, PALMEIRAS, BAHIA, 2016.


 - Palmeiras, 26 de maio de 2016. Quinta-feira.


# - Bifurcação do Rio Preto.

        Fael e Graziela seguiram para o Vale do Capão sem planejamento, decididos a descasarem no local e aproveitar o tempo “sem fazer nada”. Contudo, tinha duas trilhas em mentes no qual os dois estavam decididos em fazer: a do Poço do Gavião e o cume do Morrão (esse relato particulariza a trilha do Poço do Gavião). Os dois dialogaram e decidiram ir conhecer o poço, já que eles nunca foram ao local.

        O Poço do Gavião pode ser feito por algumas trilhas, porém aqui será relatado o seu trecho tradicional, mais curto e fácil em se chegar até o atrativo.

        Saindo do camping, localizado na Rua do Juca, Fael e Graziela seguiram até o centro da Vila Caeté-açu[1], precisamente na praça central. A partir de lá o trecho segue ao noroeste, na mesma estrada vicinal de acesso a tradicional trilha da Cachoeira do Rio Preto[2].

        No estacionamento (trecho batizado pelo fato dos turistas colocarem seus veículos no local) existe a bifurcação, ponto crucial para acesso a trilha tradicional do Poço do Gavião.

        A direita a trilha da o acesso a Cachoeira do Rio Preto, a frente está a trilha de acesso ao Poço do Gavião. Quando o estacionamento está concentrado de veículos, a localização da trilha se confunde pelo fato dos carros “taparem” a visibilidade, a maioria deles vão visitar a Cachoeira do Rio Preto (por ser mais acessível, fáci e, sem necessidade de um condutor). Fael e Graziela iniciaram a trilha por volta das 12:00 (meio-dia).

Imagem 01 - Bifurcação das trilhas do Poço do Gavião e Cachoeira do Rio Preto. Palmeiras, Bahia, 2016.

# - Caminho das mulas.

Trecho bem batido e delimitado, entre as matas características da região do cerrado e caatinga, Fael e Graziela não tiveram dificuldades no caminho inicial. Após alguns minutos observaram uma porteira fechada.

Essa porteira foi aberta por Fael e Graziela, posteriormente a mesma foi fechada. Moradores locais criam mulas e levam para pastar. Essa porteira foi implementada no local para que as mulas não tenham acesso as áreas externas demarcadas por seus criadores. Contudo, Fael e Graziela já se alertaram por conta da trilha mais a frente, afinal as mulas abrem caminhos e criam trilhas que levam “a lugar nenhum”, gerando muitas bifurcações. Na Chapada essas trilhas são conhecidas como “caminho das mulas” e alertados os dois ficaram em alerta para não seguir por uma dessas trilhas erradas.

Imagem 02 - Porteira na trilha de acesso ao Poço do Gavião. Palmeiras, Bahia, 2016.

       Posterior a porteira, Fael e Graziela continuaram a caminhar em uma trilha batida, como no trecho inicial, caracterizada por rochas e sedimentos decompostos das rochas.  Por volta de 25 minutos de caminhada os mesmos visualizam, com mais clareza, a escarpas da Serra do Candombá, ao seu lado direito, além da trilha batida mais frente.

        Seguindo na trilha da frente, Fael e Graziela observaram as primeiras bifurcações criadas pelas mulas, ficando atentos para não seguir nos famosos e conhecidos “caminhos das mulas”. Segundo informações coletadas por eles, após visualizarem a serra com mais nitidez, onde é possível localizar a conhecida “pedra do gavião”[1], a trilha segue em direção a subida íngreme do paredão escarpado.

        Contudo, Fael e Graziela perceberam que a serra se distanciava da margem, adentrando a um trecho de mata fechada. Alertados, pararam e tinham a quase certeza que estavam seguindo pelo famoso “caminhos das mulas”.

        Quando estavam voltando os dois encontraram um senhor que estava com sua mula, na margem esquerda da trilha. Em um rápido dialogo com o rapaz os dois confirmaram a duvida no qual tinha: “caminharam pelo caminho errado”. Fael e Graziela foram orientados pelo senhor a localização da bifurcação que leva a trilha correta. Agradecidos, os mesmos voltaram até a bifurcação e continuaram na trilha certa, iniciando a subida em direção a parte mais alta do trecho de acesso ao Poço do Gavião.

Imagem 03 - Caminhos de mulas. Palmeiras, Bahia, 2016.

# - Pedra do Gavião.

        A trilha escarpada até a pedra do gavião, localizada dezena de metros acima, é um trecho tranquilo e preciso, sem causar preocupação. Fael e Graziela subiram num ritmo bom, chegando ao mirante. Esse trecho foi por quase 10 minutos. Acima da para observar, com maiores detalhes, os caminhos de mula que confundi o trilheiro na bifurcação. Pois os caminhos de mulas estão mais batidos e visíveis do que a trilha verdadeira.

Imagem 04 - Graziela no trecho da serra do candombá. Palmeiras, Bahia, 2016.

        Na Pedra do Gavião se tem uma vista espetacular da localização do Vale do Capão e as formações rochosas destacas na área planas dos gerais da trilha Lençóis x Capão. A mais conhecida é o Morrão, com altitude de 1318m.

Imagem 05 - Fael e Graziela. Pedra do Gavião. Palmeiras, Bahia, 2016.

# - Serra do Candombá.

         Prosseguindo o caminho Fael e Graziela visualizaram uma bifurcação, onde o trecho a frente possui uma trilha bem batida, enquanto do lado esquerdo um pouco mais fechado. Logo de cara perceberam que a vegetação estava queimada e isso é um fator preocupante, pois além do dano ambiental as trilhas ficam “confusas”.

        Recorrendo ao GPS para tirar a duvida, o aparelho sinalizava que a trilha seguia pelo trecho menos batido, à esquerda, sentido oeste. Fael e Graziela ficaram curiosos em relação ao trecho batido, pensaram que poderia ser “caminho de mula”, mas sem muito tempo, devido ao horário, decidiram continuar a trilha, deixando para explorar aquele trecho em outra oportunidade.

        A vegetação queimada confundiu Fael e Graziela, os dois permaneceram na trilha, atentos, porém cismados em seguir num trecho fora da trilha, afinal a vegetação está fragilizada com a queimada e o solo exposto.

        Diante disso, a caminhada foi mais lenta e detalhada, percorrendo trechos de córregos e supostas nascentes localizadas acima da serra do candombá. Fael e Graziela imaginam que a Serra leva o nome de Candombá pelo fato de está concentrada muitas plantas da espécie. A maioria brota flores de coloração lilás.

Imagem 06 - Graziela em meio às vegetações queimadas. Palmeiras, Bahia, 2016.


# - Poço do Gavião.

        Acima da serra, a trilha batida facilita a caminhada, mas por conta da queimada as bifurcações ficaram expostas, gerando a atenção de Fael e Graziela.

Os trechos na superfície da Serra do Candombá são constituídos sobre declives, onde a trilha segue por descidas e subidas. A duração até a descida que da o acesso a margem direita do remanso constituído no leito do Rio Preto, precisamente no ponto em que está o poço do Gavião, foi em torno de 40 minutos.

Um alerta feito aos trilheiros são as caminhadas “fora das trilhas” e a destruição da vegetação, feita por queimadas e derrubadas das matas. Pois muitas ravinas[1] já se formaram, correndo um sério risco de se transformar em voçorocas[2] e degradar com o solo. As 14:00, Fael e Graziela chegaram ao Poço do Gavião.

Imagem 07 - Vista na Serra do Candombá do Remanso no leito do Rio Preto. Palmeiras, Bahia, 2016.
Imagem 08 - Fael caminhando em uma ravina formada na trilha do Poço do Gavião . Palmeiras, Bahia, 2016.


       O Poço do Gavião está localizado no leito do Rio Preto, de águas tranqüilas e escuras, formando um grande o poço que foi batizado pela ave de rapina. Sua localização chama a atenção pela tranquilidade e o baixo movimento.

Pouco freqüentado e muito falado, a atração é procurada por trilheiros que buscam locais com poucas pessoas. Fael e Graziela já esperavam encontrar o poço com o mínimo de indivíduos possíveis, mas para a surpresa deles não tinha ninguém.

        No Poço do Gavião, em sua margem direita, sentido sul, está uma área propicia a camping, onde cabe entre cinco a seis barracas, em um local seguro e, aparentemente, preservado. Fael e Graziela analisaram, mas não acamparam.

        Devido ao horário e as nuvens que cobriam o sol, Fael e Graziela decidiram não se banhar no poço, por conta do frio.  As 15:40 iniciaram o regresso para a sede do Vale do Capão, percorrendo o mesmo caminho da ida (invertido), chegando em Caeté-Açu as 17:30.

Imagem 09 - Poço do Gavião. Palmeiras, Bahia, 2016.


Imagem 10 - Área de camping na margem direita do Poço do Gavião. Palmeiras, Bahia, 2016.

Imagem 11 - Graziela e Fael no Poço do Gavião. Palmeiras, Bahia, 2016.














Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá ! Comentário com duvidas mande através do e-mail: ospobresmochileiros@gmail.com
Peço esse favor pelo fato da pagina não está me notificando quando um leitor escreve no comentário dos relatos.

No e-mail a resposta é rápida .

Gratidão.

SEJA BEM VINDO

Inicio esse blog com uma adaptação de um prefácio do livro Homens e Caranguejos, escrito pelo autor Josué de Castro (1908-1973), na perspectiva em mostrar ao leitor o que os relatos podem contribuir (ou não) em seu planejamento, em sua viagem, ou até mesmo na construção de um capitulo da sua vida.

" Nas terras [...] do Nordeste brasileiro, onde nasci, é hábito servir-se um pedacinho de carne seca com um prato bem cheio de farofa. O suficiente de carne - quase um nada- para dar gosto e cheiro a toda uma montanha de farofa feita de farinha de mandioca, escaldada com sal. Foi talvez, por força, deste velho hábito da região do Nordeste Brasileiro, que resolvi servir ao leitor deste blog, muita farofa com pouca carne. Sentido que a história que vou contar (através dos relatos), uma história magra e seca, com pouca "carne de emoção". Resolvi desenvolver os textos bem explicativo que engordasse um pouco desse blog e pudesse, talvez, enganar a fome do leitor - a sua insaciável fome de aventura e emoção - em busca de objetivos e ações na constituição de um "novo", uma mudança em suas práticas cotidianas, na concepção em viver os momentos e aproveitar o sentido da vida" (CASTRO, 1967).

Através do menu acima do blog, escrito RELATOS (trekking, Litoral, urbano), você(s) pode desfrutar na leitura, acompanhando nossas história, comentando, tirando duvidas, entre outros.