18 - [RT] - Vale do Pati - Andaraí/BA | Mucugê/BA - Bahia (PARTE 02)


- Andaraí, 08 de fevereiro de 2016. Segunda-feira.

# - Morro da Lapinha (Morro do Castelo).

        Manhã fria e nublada, Fael e Graziela levantam “na cara e coragem” para mais um dia de trilhas no Vale do Pati. As 06:00 da manhã os dois preparavam o café e ajustava as mochilas para seguir em direção a trilha do Morro da Lapinha (castelo), que está na margem esquerda do Rio Pati, em frente a casa de Seu Agnaldo.


        Fael propôs a Graziela aguardar mais um pouco, pois Afonso e Luan falaram que iriam fazer a trilha e eles vão passar em frente ao camping, Contudo o horário passou e eles não apareceram, sendo que essa espera durou por quase 1h. As 08:05, Fael e Graziela iniciam a caminhada em direção ao Morro do Lapinha (castelo).

Imagem 24 - Rio Pati. Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.

       Na travessia do leito Graziela resolveu tirar o tênis, a fim de não molhar e incomodar na caminhada. Fael atravessou o leito e o aguardou. Na travessia, Graziela estava com dificuldade de se equilibrar quando pulava as rochas, devido aos tênis. A mesma pediu para que Fael segurasse, dando a idéia de lançar os tênis. Porém, o calculo foi errado e um dos pares caiu nas águas do Rio Pati, fazendo com que a correnteza levasse. Fael, desesperado, foi atrás e conseguiu pegar um dos pares. Só que o mesmo estava com a câmera e tinha esquecido. Quando os dois estavam na margem perceberam que a bolsa da câmera estava molhada. Por sorte, a câmera não molhou.

        Mais a frente inicia a subida íngreme, composta por rochas e raízes (imagem 25[1]). Não é considerada uma subida pesada e nem com alto grau de dificuldade, mas requer atenção do trilheiro para não evitar acidentes. O tempo ajudava, o sol estava entre as nuvens e uma temperatura agradável. Fael e Graziela não se esgotaram nos trechos iniciais.


Imagem 25 - Trilha do Morro da Lapinha (Morro do Castelo). Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.


        Da base do morro até a gruta, é um trecho bem delimitado, forte subida, sem bifurcações, onde o trlheiro(a) não terá dificuldades em fazer. Para aqueles que não estão acostumados, a subida pode se tornar “puxada”.[1] O que deve ter mais atenção na “escalaminhada” são as raízes e as rochas cheias de musgos (limo).

Imagem 26 - Gruta do Morro da Lapinha (Morro do Castelo). Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.


40 minutos, aproximadamente, Fael e Graziela estavam na gruta da lapinha, onde admiraram por alguns minutos. Registros foram feitos e equipamentos preparados (lanterna e a maquina fotográfica) para fazer a travessia.  A extensão até a parte acessível da trilha deve ser entorno de 50m.

No inicio da travessia, a lanterna de Fael parou de funcionar, só restando à outra de cabeça. Contudo, essa estava com a pilha fraca, no que resultou uma grande dificuldade na visibilidade da trilha e na caminhada.

Imagem 27 - Fael e Graziela na gruta do Morro da Lapinha (Morro do Castelo).
 Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.

No outro lado da gruta a trilha segue a direita e faz “um contorno“ em uma rocha, chegando ao ponto mais acessível do morro da lapinha (castelo). Fael e Graziela tiveram um pouco de dificuldade em fazer esse trecho, os mesmos quando saíram da gruta foram pela esquerda e acharam o caminho estranho e difícil. Não era impossível seguir, parecia que dava para uma vista privilegiada e pouco registrada, mas acabaram desistindo. Na volta até a gruta eles viram o trecho batido e chegou ao ponto que da para visualizar o Pati de Baixo e a Cachoeira do Calixto.

Imagem 28 - Fael e Graziela no ponto mais alto que o trilheiro pode chegar no Morro da Lapinha (ao fundo da para visualizar a cachoeira do Calixto). Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.

O cume do Morro da Lapinha não é acessível (desconheço algum trilheir@ que já tenha feito), sendo que existe um “mirante” que é o local mais alto que os visitantes podem chegar. A vista é privilegiada, podendo observar os detalhes do Vale do Pati por vários ângulos. O destaque está o “Pati de baixo” e o “Vale do Calixto”.

        Três pessoas já se encontravam no local, alguns minutos depois chegam Luan e Afonso. O grupo se formou e apreciaram, por horas, as belíssimas vistas do Vale do Pati. 

Imagem 29 - Paisagens vistas no Morro da Lapinha. Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.


As 12:30, Fael , Graziela, Afonso e Luan regressaram até as suas bases. No caminho combinaram de arrumar os equipamentos, desarmar o camping e seguir caminho até a igrejinha (próximo local de acampamento), sendo que esse trecho será feito pelas quedas do “circuito dos funis, no qual possui três cachoeiras. A descida foi rápida, gastando uma hora até a casa de Seu Agnaldo.

Acertado os detalhes, Afonso e Luan seguiram caminho até Dona Raquel, para se encontrar com Green e Emili, enquanto Fael e Graziela fizeram o almoço e em seguida desarmaram acampamento para da continuação a trilha no Vale do Pati.


 # - Circuito dos funis.

As 14:30, Luan e Afonso aparecem na casa de Seu Agnaldo. Fael e Graziela estavam na espera por eles. No local foram informados que Green e Emili foram para a igrejinha pelo caminho tradicional do Pati, pois as dores no joelho de Emilli estavam fortes e os trechos no circuito dos funis poderia se tornar perigoso. Sendo assim, o grupo foi formado por: Afonso, Luan, Fael e Graziela.

A trilha segue na esquerda do Rio Pati, bem próximo ao acesso do morro da lapinha (castelo). Contudo, chegando à bifurcação prossegue pela esquerda, sentido noroeste. Bem batido e delimitado, o percurso segue por terreno desnivelado de subidas e descidas. O céu, sem nuvens, destaca com o sol escaldante nas cabeças dos trilheiros, deixando-os desgastados.

Chegando a Seu Wilson[1], por volta das 15:00, o grupo fez uma pausa para o lanche. A trilha seguiu e na segunda bifurcação o grupo prosseguiu pela direita, em direção ao “circuito dos funis”.

A trilha é batida, sem muitas dificuldades, uma descida não tão íngreme que tem como o destino o leito do rio. Fael, Graziela, Afonso e Luan fizeram o caminho tranquilamente. Ao chegarem ao leito do rio continuaram por uma pequena trilha, à esquerda, até ao primeiro atrativo: Cachoeira da Altina [2](bananeiras, primeira queda funis).

No local o grupo encontrou três garotas, que aparentemente formava um grupo, mas só foi impressão. Duas estava juntas e a outra estava na trilha sozinha, a ultima citada se chama Lidiane e começou a se entrosar com o gruipo formado por Fael., Graziela, Afonso e Luan.

As 15:50 todos estavam curtindo e se banhando na simples e bonita queda da Cachoeira da Altina.

Imagem 30 - Da esquerda para direita - Afonso, Fael, Graziela, Luan. Cachoeira da Altina.
 Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.

Imagem 31 - Momentos na Cachoeira da Altina. Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.

Como de costume, a água estava gelada, consequentemente afastando os trilheiros a se banhar no charmoso poço. Mesmo assim, o grupo arriscou um rápido mergulho e “massagem” nas quedas d água da altina. 30 minutos após, Fael, Graziela, Afonso e Luan estavam prontos para continuar a trilha no circuito dos funis. Na partida, Lidiane se juntou ao grupo (já que a mesma tinha como destino a igrejinha).

        Continuando pelo leito do rio o grupo foi bastante cauteloso na passada, pois as rochas estavam escorregadias demais. Apesar de todo o esforço o Luan acabou escorregando, batendo o rosto no chão e sofrendo um corte profundo abaixo do queixo. Afonso foi rápido e estancou o sangue. Acomodando Luan na margem esquerda do rio, Afonso fez os primeiros socorros. De personalidade tranqüila, Luan estava preocupado mais com a barba do que o próprio corte. O mesmo sofreu uma lesão abaixo do queixo e necessitava tirar os pelos do rosto para passar a pomada e fazer o curativo. Sem escolha, uma parte da barba foi raspada e o curativo foi feito, estancando o sangue e protegendo a lesão. Mais 15 minutos de caminhada o grupo chega à Cachoeira dos Funis.

Imagem 32 - Cachoeira dos Funis. Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.

        A mais conhecida do circuito, a Cachoeira dos funis é um roteiro sempre incluso quando se visita o Vale do Pati. Com quase 20 m de queda, os funis é um importante atrativo para os trilheiros que regressam do Morro da lapinha (Castelo), normalmente com guias ou agência. Já passava das 16:30 quando Afonso, Fael, Graziela, Luan e Lidiane chegaram a queda. No local o grupo encontrou outros trilheiros que estavam acompanhados por um guia e bateram um papo rápido por alguns minutos. O banho não foi realizado e o caminho seguiu pela margem esquerda da Cachoeira.

        A trilha segue a esquerda, sentido noroeste. As margens possuem muita samambaia, que “abafa” as demais plantas e toma conta de todo o espaço. A expansão era tanta que a visibilidade da trilha atrapalhava. Contudo, dava para seguir. O que o grupo ficou mais atento foi dos animais venenosos estarem camuflados na mata, já que a vegetação das samambaias atrapalhava a visibilidade da superfície. No alto dava para visualizar a ultima queda do circuito dos funis (bem menor que as outras), que estava prevista no roteiro. Mas, devido ao horário, o grupo decidiu em não visitar a queda.


# - Igrejinha.

        Passando pelo Cemitério do Vale do Pati e o “cruzeiro[1]”, o grupo chegou na Igrejinha no inicio da noite, por volta das 18:10. Na entrada, Green estava na espera com cara de preocupação. O mesmo pensou que poderia ter acontecido um acidente (que aconteceu, mas não foi grave). Quando Green viu o queixo de Luan, que é seu amigo e colega de trabalho, com um enorme curativo, se aproximou com a expressão de assustado. Mas só passou de susto.

        Afonso e Luan se juntaram a Green e Emili, pois tinham reservado os quartos coletivos na igrejinha. Fael e Graziela acamparam na área disponível, pagando o valor de R$ 15,00 (por pessoa). Lidiane não informou como se acomodou.

        Todos reunidos a resenha da trilha iniciou, tendo uma pausa para o banho dos trilheiros. As 19:30 a conversa continuou na cozinha, onde Fael, Graziela, Lidiane, Green e Emili faziam o almoço. Nesse dia a igrejinha não foi analisada devido ao fato do grupo está cansado e o frio que espantava os mesmos. 

Imagem 33 - Acampamento na Igrejinha. Vale do Pati, Mucugê/Andaraí, Bahia, 2016.

- Andaraí, 09 de fevereiro de 2016. Terça-feira.
 
        A base da igrejinha leva o nome pelo fato de está construído uma pequena igreja que faz jus ao nome. Além disso, existem as casas de apoio (quartos) que servem de abrigo para hospedar os trilheiros que vistam o Vale do Pati. Além disso, na Igrejinha se encontra a casa e o bar de seu João.

          Seu João é o administrador da igrejinha, um senhor simples de alto astral. O mesmo fica uma maior parte em seu bar que está bem ao lado de sua casa.
          A área de camping da igrejinha é bastante considerável. Cabem muitas barracas e disponibiliza de uma cozinha coletiva para os campistas. Entretanto, para utilizar o gás é necessário pagar uma taxa no valor de R$ 10,00.

          Existem banheiros que estão disponíveis para os campistas e moradores dos quartos. A água é fria (muito fria), que faz com que os banhos não sejam demorados. 

Imagem 34 - Da esquerda para a direita: Graziela, Fael, Seu João, Green, Emili, Luan, Afonso. Igrejinha. Vale do Pati, Mucugê/Andaraí, Bahia, 2016.
     
Fael, Graziela, Green, Emili, Afonso e Luan não utilizaram o gás da cozinha, pois tinha o fogareiro e tek gás para fazerem o almoço e o café. A noite do dia anterior foi utilizada e no dia também.
        Por falar no dia, o café foi feito bem cedinho, por volta das 6 da manhã. O grupo se encontrou na cozinha, acertando os detalhes da trilha do dia. Green pediu a fala e adiantou que não iria a caminhada, pois Emili estava com dores no joelho, sem condições para seguir. O mesmo preferiu ficar na igrejinha. Sendo assim, o grupo se formou com Afonso, Luan, Fael e Graziela que se articularam e detalharam o roteiro da trilha tradicional que possibilita a vista do Cachoeirão por cima.


# - Trilha tradicional do Cachoeirão por cima.

        A saída foi as 08:30, partindo da Igrejinha., em uma trilha bem batida, em direção sudoeste. Mais a frente está uma bifurcação, onde se deve continuar sempre à frente, ou seja, direto. A direita a trilha leva em direção a ruinha ou mirante, tendo como destinos o povoado de Guiné e o Vale do Capão.

         O trecho em si não tem muitos “segredos” e sem dificuldades. A trilha é bem delimitada com caminhos amplamente definidos. Pequenos declives, alguns acidentados, compõem a trilha tradicional do Cachoeirão por cima.[1] O grupo não teve trabalho durante a caminhada, o tempo estava bom para caminhar, com um sol forte e poucas nuvens. Com a altitude e vegetação de médio porte os ventos “climatizavam” os trilheiros que chegaram ao poço do trampolim, após uma hora de caminhada.

Imagem 35 - Afonso, Graziela, Fael, Luan. Trilha tradicional do Cachoeirão por cima. Vale do Pati, Mucugê, Bahia, 2016.

Imagem 36 - Graziela, Fael, Luan, Afonso. Trilha tradicional do Cachoeirão por cima. 
Vale do Pati, Mucugê, Bahia, 2016.


O poço do trampolim é um ponto de descanso para os trilheiros que vão visualizar o cachoeirão por cima. No local existe um pequeno poço, arborizado, que atrai para um banho. De baixa profundidade é ideal para crianças e idosos. O nome trampolim deve ser pelo fato dos galhos das árvores que arborizam o poço proporcionarem para que o trilheiro se apóie e “pule”. Afonso fez esse feito, pois a distância entre o galho e o poço não deve passar de um metro e meio.

        No local tinha uma barraca, onde duas mulheres estavam acampadas. Não é aconselhável acampar no poço do trampolim, pelo fato de não ser perene. Não é freqüente está com água, além de ser uma área bem preservada. Por isso a observação e o conselho em não escolher como base de acampamento.

        Fael, Graziela, Afonso e Luan permaneceram por poucos minutos, pois estava no inicio do dia e queria aproveitar a paisagem do Vale do Cachoeirão com poucos visitantes. Após um dialogo decidiram se banhar e descansar no poço quando regressarem até a Igrejinha.

Imagem 37 - Poço do trampolim. Trilha tradicional do Cachoeirão por cima. Vale do Pati, Andaraí/Mucugê, Bahia, 2016.

       Mais a frente está uma bifurcação, onde os dois caminhos levam até a vista do Cachoeirão por cima. Do lado esquerdo da o acesso até a “pedra do cachoeirão” uma rocha ponte aguda onde os trilheiros se acomodam para registrar fotografias que focalize toda a extensão do Vale do Cachoeirão; a direita a trilha segue até um mirante, onde visualiza o poço do cachoeirão abaixo (que tem sua forma de coração), além das quedas e o toda a extensão do vale. Ressaltando que na “pedra do cachoeirão” da para visualizar o poço e as quedas, contudo é mais arriscado e com riscos de acidentes. O mais aconselhável é observar no mirante.

Imagem 38 -  Fael. “Pedra do Cachoeirão” por cima. Vale do Pati, Andaraí, Bahia, 2016.

Imagem 39 - Graziela, Luan, Afonso. “Mirante do Cachoeirão”.
  Vale do Pati, Andaraí/Mucugê, Bahia, 2016.

          Primeiro, Fael, Graziela, Luan e Afonso se direcionaram a trilha da esquerda, para visualizar e fazer uns registros do vale do Cachoeirão através da “pedra”. Posteriormente seguiram até o mirante para observar o poço e as finas quedas do Cachoeirão.

           Infelizmente, para observar as quedas do Cachoeirão, é necessário que caia uma forte chuva ou que a cabeceira do rio possa transbordar, com bastante água em seu leito, para alimentar as quedas e mostrar a verdadeira beleza e forma de suas quedas.

         O grupo só observou duas quedas, bem fina, no limite para se extinguir. Mesmo assim, a paisagem do Cachoeirão é um atrativo que compensa de ser vista e considerada uma das mais belas de todo o Vale do Pati.

Imagem 40 - Afonso, Fael. “Vista do Cachoeirão”.  Vale do Pati, Andaraí/Mucugê, Bahia, 2016.


# - Igrejinha.

O percurso foi bem tranquilo, deu para aproveitar e curtir bastante a paisagem. O grupo resenhava felizes, pela tranquilidade e disposição que tiveram em aproveitar o dia todo o Cachoeirão por cima. As 15:30 decidiram voltar, passando mais 30 minutos no poço do trampolim. As 16:10 regressaram até a Igrejinha. Chegando à bifurcação, Fael e Graziela encontraram um grande amigo e guia turístico da região da Chapada Diamantina, o Riocontense[1] Lê. O papo foi rápido e a caminhada seguiu. As 18:00, Fael, Graziela, Afonso e Luan chegaram na igrejinha, onde fizeram o almoço, encararam a água fria, resenharam um pouco e se recolheram, por volta das 22:00.





- Andaraí, 10 de fevereiro de 2016. Quarta-feira.


# - Rampa.

As 05:40 da manhã, Fael e Graziela acordam e começam a desarmar a barraca, enquanto Green, Emili, Afonso e Luan estavam na cozinha tomando café. Na resenha, Green adiantou que seguiria logo com Emili para adiantar a caminhada, já que ela está com uma lesão no joelho e o ultimo dia seria o mais distante em quilometragem (km), percurso de 27 km. As 06:10 os dois já seguiam em direção a bifurcação.

Em seguida Afonso e Luan foram os próximos a seguirem, já que estavam com as mochilas prontas e não precisava fazer ajustes e conferir equipamentos. Fael e Graziela foram os últimos a deixarem a Igrejinha, por volta das 07:40 da manhã.

Nesse período o grupo se desencontrou. Fael e Graziela chegaram à bifurcação e seguiram direto, iniciando uma “forte subida” íngreme. Esse trecho se chama rampa.
Trecho acidentado com muitas rochas que servem de apoio para a “escalaminhada”, a Rampa (para quem sobe) mostra o quanto tem que ter disposição para seguir nesse trecho, pois com uma forte subida e superfície íngremes, alguns trilheiros sente a dificuldade em chegar até ao mirante.

     Fael e Graziela executaram tranquilamente, encontrando um grupo que estava acompanhando de um cachorro, com muita energia. Nos metros finais passaram por uma “escada” que serve de apoio para caminhar em um trecho que possui uma “fenda”, mas não proporciona sustos e nem dificuldades. As 08:40 os mesmos chegaram no Mirante do Pati.


Imagem 41 - Foto da Esquerda: Graziela “escalaminhando” a rampa; 
foto a direita: Escada na rampa.  Vale do Pati, Mucugê, Bahia, 2016.



# - Mirante.

 Chegando ao mirante Fael e Graziela não encontraram Afonso, Luan, Green e Emili, provavelmente eles adiantaram a caminhada. Com a vista coberta pelas nuvens, o Mirante do Pati não proporcionava a famosa vista das trilhas do Vale. Como tinha tempo e sem pressa em chegar, Fael e Graziela optaram em esperar alguns minutos para que as nuvens dispersassem. As 09:20 as trilhas aparecem e a bela vista do Vale do Pati surge aos trilheiros que aguardavam, pacientes, por esse grande momento. Após a trilha segue pelos Gerais do Rio Preto.

Imagem 42 - Vista do mirante.  Vale do Pati, Mucugê, Bahia, 2016.

# - Gerais do Rio Preto.  
   
Um grande planalto de vegetação rasteira e solo úmido, os Gerais do Rio Preto são caracterizados por alguns morros vistos em suas margens e pela passagem do Rio Preto (dando origem ao nome).  Um das formações rochosas em destaque é o Morro Manoel Vitor, com seu ponto culminante de 1.500m de altitude (valor não preciso). Esse trecho da trilha é longo e cauteloso, pois a umidade do solo forma poços de água e lama, que com a vegetação baixa proporciona o aumento de risco de ocasionar um acidente, através da fundura do solo, escorregamento na vegetação rasteira que está sobre a terra e até mesmo uma torção de tornozelo.  

Nos Gerais do Rio Preto, Fael e Graziela seguiram na companhia de um grupo grande que eles encontraram no final da subida da rampa. Esse grupo estava acompanhado de um condutor que bateu um papo com eles e deu informações importantes a respeito da trilha do Pati. O rapaz se apresentou pelo nome de Alex, com residência no Vale do Capão. Nesse grupo tinha uma garota de 7 anos que estava fazendo a caminhada completa pelo Vale do Pati, a mesma tinha muita disposição e vontade em fazer a trilha, chamando a atenção de Fael e Graziela.

A trilha nos Gerais do Rio Preto é bem delimitada e batida, sem deixar duvida aos trilheiros. Sua altitude varia entre os 1.200 e 1.300m, com a temperatura baixa e ventos fortes, ocasionando o frio. Entretanto, devido a um incêndio ocorrido na Chapada Diamantina em 2015, atingindo os Gerais do Rio Preto e deixando o rastro da destruição com as queimaduras na vegetação, a trilha estava comprometida e a paisagem sombria. Mesmo com esse impasse, esse trecho da trilha foi concluído com muita tranquilidade e observação nos detalhes da paisagem.

Imagem 43 -  Fael nos Gerais do Rio Preto. Vale do Pati, Mucugê, Bahia, 2016.


 # - “Quebra bunda”.

        Por volta das 11:00, Fael e Graziela (junto com o grupo que encontraram) chegaram no trecho conhecido como “quebra bunda”, que é uma forte descida íngreme (quem faz a trilha no sentido inverso), com aglomerado de rocha formando uma “escada natural”. Da base da para se ter uma panorâmica dos Gerais do Rio Preto e dos Gerais do Vieira. Pode considerar que o “quebra bunda” é o divisor que limita os Gerais do Rio Preto (acima) com os Gerais do Vieira (abaixo). 

Imagem 44 - “Quebra bunda”. Vale do Pati, Mucugê, Bahia, 2016.


A descida iniciou e o sol aparece das nuvens que o cobria durante o inicio da manhã. Em poucos minutos o tempo muda e as nuvens desaparecem, chamando a atenção de Fael e Graziela. O frio se transforma em calor e com a perda de altitude na descida do “quebra bunda” a temperatura aumentou. Nos metros finais, Fael e Graziela visualizam quatro pessoas nos Gerais do Vieira, se tratavam de: Green e Emili (mas atrás), Afonso e Luan que estavam metros à frente.

# - Gerais do Vieira.

No final da descida do “quebra bunda” tem um lugar chamado “rancho”, um abrigo que serve para acampamento emergencial a aqueles que não conseguem fazer o trajeto Capão x igrejinha (vise-versa) no único dia. Claro que existem pessoas intencionadas a acampar no local, mas não é recomendável. Fael e Graziela não foram ao local e seguiram pela definida trilha dos Gerais do Vieira.

Os Gerais do Vieira está logo abaixo dos Gerais do Rio Preto, em uma altitude muito menor, com vegetações rasteiras e alguns córregos que servem para captar água. A trilha é bem delimitada e plana, podendo ser feita até de bicicleta (para aqueles que gostam de praticar um mountain bike).

No sentindo inverso da trilha não existe bifurcação, pois a mesma se encontra quem faz o oposto (Capão x Igrejinha). Alguns quilômetros caminhando, Fael e Graziela alcançaram Green e Emili e deram falta de Afonso e Luan. Os dois últimos citados estavam alguns quilômetros (km) bem à frente do quarteto.

Imagem 45 - Emili, Green, Fael, Graziela. Gerais do Vieira. Vale do Pati. Palmeiras, Bahia, 2016.


O sol castigava e o grupo começava a sentir o cansaço, além do forte calor. Algumas paradas se fizeram necessárias para repor as energias. O percurso nos Gerais do Vieira foi completado por quase 2h (duas horas) de caminhada.  Próximo ao córrego da galinha (ultimo ponto de capacitação de água nos Gerais do Vieira) se tem uma vista privilegiada do Vale do Capão (não da vila urbanizada, mas da formação do Vale natural).


Imagem 46 - Graziela. Gerais do Vieira. Vale do Pati, Palmeiras, Bahia, 2016.


Imagem 47 - Vista do Vale do Capão. Vale do Pati, Palmeiras, Bahia, 2016.



# - Bomba.

           Saindo dos Gerais do Vieira a trilha segue caracterizada por vegetação de médio porte, passando pela bifurcação do Morro Branco até o Rio que leva em direção ao Poço Angélica e a Purificação. Nesse trecho a trilha é bem delimitada.


           Atravessando o rio e chegando a localidade conhecida como Bomba, Afonso e Luan se juntaram com Green, Emili, Fael e Graziela, finalizando a trilha tradicional, em seu percurso invertido, do Vale do Pati. No local foi fretada uma caminhonete, do irmão de Seu Daí, onde cada um pagou o valor de R$ 13,00 até a Vila de Caeté-açu.

Imagem 48 - Na esquerda: Graziela, Green, Luan; na direita: 
Fael, Afonso, Emili. Vale do Capão, Palmeiras, Bahia, 2016.

Na vila o grupo almoçou no restaurante de Dona Beli e foi até a casa de Maggie, uma amiga de Emili que acolheu os trilheiros sujos, cansados (risos), para que pudessem tomar banho e ajustar os equipamentos. Nesse mesmo local existe um projeto chamado “Na esquina”, que vende variedades de alimentos e bebidas.


O grupo permaneceu até as 20:30, sendo que Afonso avisou aos demais que decidiu ficar mais alguns dias no Vale do Capão. Sendo assim, Emili, Green, Fael, Graziela e Luan partiram até a rodoviária do município de Palmeiras/BA, encarando 1h(uma hora) de estrada de terra, embarcando no ônibus da Rápido Federal até o município de Salvador/BA, no horário das 22:50. 


A leitura se encerra por aqui, obrigado pelo tempo e disposição em ler o relato.






















Um comentário:

Olá ! Comentário com duvidas mande através do e-mail: ospobresmochileiros@gmail.com
Peço esse favor pelo fato da pagina não está me notificando quando um leitor escreve no comentário dos relatos.

No e-mail a resposta é rápida .

Gratidão.

SEJA BEM VINDO

Inicio esse blog com uma adaptação de um prefácio do livro Homens e Caranguejos, escrito pelo autor Josué de Castro (1908-1973), na perspectiva em mostrar ao leitor o que os relatos podem contribuir (ou não) em seu planejamento, em sua viagem, ou até mesmo na construção de um capitulo da sua vida.

" Nas terras [...] do Nordeste brasileiro, onde nasci, é hábito servir-se um pedacinho de carne seca com um prato bem cheio de farofa. O suficiente de carne - quase um nada- para dar gosto e cheiro a toda uma montanha de farofa feita de farinha de mandioca, escaldada com sal. Foi talvez, por força, deste velho hábito da região do Nordeste Brasileiro, que resolvi servir ao leitor deste blog, muita farofa com pouca carne. Sentido que a história que vou contar (através dos relatos), uma história magra e seca, com pouca "carne de emoção". Resolvi desenvolver os textos bem explicativo que engordasse um pouco desse blog e pudesse, talvez, enganar a fome do leitor - a sua insaciável fome de aventura e emoção - em busca de objetivos e ações na constituição de um "novo", uma mudança em suas práticas cotidianas, na concepção em viver os momentos e aproveitar o sentido da vida" (CASTRO, 1967).

Através do menu acima do blog, escrito RELATOS (trekking, Litoral, urbano), você(s) pode desfrutar na leitura, acompanhando nossas história, comentando, tirando duvidas, entre outros.