CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Estado da Bahia possui uma longa
faixa litorânea, com centenas de praias, que aparentemente parecem ser iguais.
Mas não! Cada praia possui a sua particularidade. Sempre me interessei em
paisagens litorânea, sendo que o simples fato de caminhar e observar os
detalhes das praias, além das suas margens e faixas extensas de areia, já chama
a minha atenção.
A
atração às paisagens do litoral da Região Sul da Bahia se iniciou no ano de
2012, quando estive acompanhando de minha companheira Graziela e alguns
amigos no distrito de Barra Grande, que
está localizado ao Norte da Península de Maraú. Nesse período tive a
oportunidade de fazer uma curta caminhada litorânea de 7 km, aproximadamente, partido
do próprio distrito de Barra Grande e finalizando na localidade de Taipus de
Fora, que está inserido no próprio município de Maraú/BA. Essa curta caminhada despertou
o meu interesse em planejar e executar longas caminhadas litorâneas, com
paradas e acampamentos na própria faixa de areia.
No
processo de preparo e ganho de experiência comecei as práticas de caminhadas
litorâneas. A primeira foi no ano de 2013, onde fiz o meu primeiro teste ao
caminhar e da a volta, a pé, na Ilha de Boipeba, totalizando uma caminhada por
mais de 12 horas, exigindo disposição e resistência[1]. Neste
primeiro teste, apesar de me desgastar muito e ter problemas nos pés, por ter
feito a caminhada descalço, a volta na ilha foi um sucesso, me dando uma
sensação prazerosa dessa experiência significativa aos meus objetivos. Para
além disso, no mesmo ano executei mais duas caminhadas na Ilha de Tinharé, precisamente
na localidade de Morro de São Paulo e seu entorno. Em 2014 foi a vez de Garapuá, ambos pertencentes ao município de
Cairu/BA, localizados ao Norte da Ilha de Boipeba.[2] [3] Realizei
ainda outras caminhadas litorâneas, destaco para a tentativa na volta da Ilha
dos Frades[4] e as
praias do município de Itacaré/BA, conhecendo e observando belas paisagens e as
suas praias "escondidas" (não cheguei a relatar).
Nas
minhas viagens, antes da prática, se prioriza o planejamento. Nessa travessia
pela Península de Maraú não foi diferente. Umas das minhas primeiras ações são
as análises dos mapas, imagens de satélites, documentos e relatos. Pois! a
partir dessas etapas iniciais vou chegar a premissa na execução do trecho
delimitado.
Um
dos fatores relevantes em uma grande caminhada litorânea é a análise da tábua
da maré, para se prever e vencer alguns "obstáculos", a exemplo: foz
do rio, faixas de areias curtas e rochosas, escarpas de falésias e a costa em
si.
Com
essas experiências resolvi planejar e executar um desejo pessoal em fazer a
travessia, a pé, da Península de Maraú/BA, do Sul ao Norte, partindo da foz do
Rio de Contas/BA e finalizando no distrito de Barra Grande. Conversei com
Graziela, que topou na hora em fazer companhia nesse desafio.
CHEGADA A ITACARÉ/BA E OS DETALHES DO ROTEIRO.
Dia 31 MAI. 2018 fui liberado mais
cedo do trabalho, aproveitando para ganhar um dia para deslocar até o município
de Itacaré/BA. Como não possuo veículo e dependo do transporte intermunicipal,
preciso sair do município de Salvador/BA e seguir até o município de
Itaparica/BA, onde sai ônibus para o município de Itacaré/BA. O último horário
é das 16:00, pela empresa Cidade Sol.
Embarquei
no Ferry Boat Rio Paraguaçu , no horário
das 15:00. A travessia do terminal de São Joaquim até Bom Despacho é entorno de
1 hora. Independente, o ônibus espera o ferry boat chegar para vender as
passagens e seguir viagem. As 16:00 cheguei e comprei a passagem na
"muvucada" fila do guichê da empresa Cidade Sol. A passagem custou R$
42,00, com previsão de 5 horas de viagem.
As
16:30 o ônibus partiu com destino a Itacaré/BA, a linha tem o destino final o próprio
município. A primeira parada é no município de Nazaré/BA (conhecido
popularmente pelo nome de "Nazaré das Farinhas"), onde Graziela aguardava para embarque. Me
encontrei com Graziela e seguimos com destino ao Itacaré/BA, passando pelos
municípios de Valença/BA, Taperoá/BA, Nilo Peçanha/BA, Ituberá/BA, Igrapiúna/BA,
Maraú/BA e por fim Itacaré/BA. A duração foi mais de 5 horas, chegando mais das
21 horas.
Na
Cidade ficamos no Hostel Casarão Verde, localizada em frente a praia da Concha.
A proprietária é conhecida de Graziela e quando vamos ao município de
Itacaré/BA sempre ficamos hospedados lá. Pagamos uma diária e fizemos os
últimos ajustes .
Conferimos
as mochilas, listando a alimentação, quantidade de água potável, equipamentos e
ferramentas. Essa análise e conferência é importante, pois se esquecer algo
simples da para solucionar estando no Centro da Cidade.
Particularizando
a mochila em si, a minha preocupação e de Graziela foi em relação a água
potável, devido a fato de nos hidratar e cozinhar durante uma caminhada de até
03 dias. Fizemos uma análise e decidimos levar 9 litros de água, sendo que cada
um vai levar 4,5l em 03 garrafas de 1,5l. Essa água é para hidratar e cozinhar.
O banho decidimos ser no mar ou na foz de algum rio (uma vez na vida não mata
ninguém), além de lavar equipamentos ou algo especifico que necessite de água.
A água doce, potável, só será em uma extrema emergência, devido a prioridade do
seu uso para hidratar e cozinhar. Existe a possibilidade de adentramos em alguns
rios, a depender, a fim de verificar se é possível se banhar ou até mesmo
utilizar a água para cozinhar.
A
noite sair com Graziela e fizemos uma curta caminhada no movimentado e cheio
Centro da Cidade de Itacaré/BA. Passando na foz do Rio de Contas encontramos um
canoeiro que faz a travessia entre as margens do rio. Seu nome é Deilton e o
valor cobrado foi de R$ 20,00 pela travessia. Acertamos tudo e combinamos as
07:00 da manhã do dia seguinte.
DIA 01: DA TRAVESSIA DA FOZ DO RIO DE CONTAS AO ACAMPAMENTO
"FORÇADO" NA PRAIA DO ARANDI.
- Praia da Concha
Acordei
com Graziela as 05:00 da manhã com o céu nublado e ventos fortes, me deixando
muito cismado com o tempo. Consultei a previsão e a possibilidade de chuva na
Península de Maraú estava de 70%.
Tomamos
café, arrumamos o quarto, as mochilas e partimos rumo a praia da coroa, que
está bem a frente do casarão verde. As
06:30 estava na praia conversando com o Deilton, canoeiro que fará a travessia
entre as margens do Rio de Contas até a praia do pontal, final da Península de Maraú. As 06:50 a canoa
estava pronta e atravessamos a foz do Rio de Contas, durando pouco mais de 05
minutos.
Imagem 01 - Fael e Graziela na canoa para a travessia na foz do Rio de Contas. Itacaré, Bahia , 2018.
- Praia do Pontal
Na
praia do pontal iniciamos a caminhada na areia fofa, sendo que a maré estava
cheia e com previsão de recuo as 10:00. As ondas quebrava com violência na
faixa de areia, me assustando para encarar um banho (cismei até molhar o pé). O
inicio forte da caminhada na areia fofa e as mochilas pesadas exigiram esforço
nas passadas com a sapatilha nova neoprene que comprei para mim e Graziela,
custando caro para nós, pois os pés começaram a ferir e "abrir calos".
Fomos obrigados a retirar e continuar a caminhada descalços.
O
tempo fechou e uma grande nuvem cinza e carregada de chuva vinha do mar em
direção a costa. Avisei a Graziela que há uma probabilidade muito alta de chuva
forte na costa.
Imagem 03 - Fael e Graziela iniciando a caminhada nas areias da Praia do Pontal . Itacaré, Bahia, 2018.
- Praia de Piracanga
A
Caminhada prosseguiu exigindo muito esforço de mim e Graziela. O "sangue
frio" e as mochilas pesadas, além da areia fofa e os fortes ventos se
tornavam grandes obstáculos para nós.
Seguimos
descalços até a foz do Rio Piracanga, uma distância de quase 8km, onde fizemos
uma pausa. Tirei a mochila e fui atravessar a foz do rio, pois a maré estava
cheia e violenta, me deixando bastante cismado. Resolvi da uma pausa e observar
para ir no melhor caminho a seguir.
A foz do Rio Piracanga é pequena, mas como a
maré estava muito violenta e cheia, a correnteza das águas "puxava" com
bastante força. Dei sorte em encontrar
um pedaço de madeira e fui com bastante cautela nas pisadas. Teve um momento
que pisei e o pé afundou, me dando um grande susto, mas á água não chegou a me
cobrir, limitando-se nos meus ombros.
Engraçado
que tinha dois rapazes e uma mulher na outra margem, não sei se era hospedes ou
proprietários. O fato que eles observaram e depois deram as costas. Pensei em
até chamar e pedi uma orientação de qual caminho a seguir, mas percebi que não
estavam afim de ajudar ou dialogar. Nenhuma surpresa da vila de piracanga e de seus
frequentadores "naturalistas".
Cheguei
do outro lado da margem e regressei pelo mesmo caminho, realizando a travessia
em formato de um "s". Carreguei a mochila e chamei Graziela para
seguir atrás de mim, atravessando a foz do Rio Piracanga com a água cobrindo a
barriga, sem grandes dificuldades. Ressalto que deve ter atenção na passada e na
pisada, exigindo força, devido a correnteza lhe "empurrar" em direção
ao mar. Com o peso da mochila fica um pouco "difícil de se equilibrar
Passava
das 08:00 quando chegamos no outro lado da margem do Rio Piracanga, fazendo uma
parada a fim de se hidratar e observar a paisagem. A praia não diferencia muito
da anterior, as ondas fortes quebrando com força na faixa de areia e o mar
agitado não condicionava para se banhar. Além disso, a grande nuvem cinza
estava cada vez se aproximando da costa. Um pouco atrás da faixa de areia está
a vila piracanga, que é famosa por hospedar "naturalistas" de classe
alta.
Imagem 04 - Fael observando a foz do Rio Piracanga após a travessia. Maraú, Bahia, 2018.
- Praia do Aimbim
Após
a observação dos detalhes da Praia de Piracanga seguimos na caminhada, no
decorrer da andada percebia que meu pé começava a ter pequenos cortes com o
atrito da areia fofa e pesada da praia. Para piorar, a grande nuvem cinza
avança e começa a chover e ventar forte, condicionando mais um obstáculo. Graziela
e Eu não conseguíamos visualizar alguns metros a frente devido aos forte e
grossos pingos de água lançados pelo vento em nossos rostos. Uma moto passou e
quase me atropelava, pois o rapaz estava com a visualização comprometida e em
alta velocidade. Infelizmente as faixas de areia da Península de Maraú está
servido de rota para motoqueiros e quadrículos, sendo que a maioria dos seus
condutores são pessoas despreparadas.
Atravessamos
mais uma foz de rio, precisamente o Rio Guaibim, dessa vez com muita
tranquilidade, sendo que a largura entre as margens não chegava a 10 metros, e
com a maré recuando ficou mais tranquilo em atravessar. Um fato interessante
dessa foz é que parece um "mini-delta", pois ela não é única. A foz
quando se aproxima da praia acaba se desdobrando e gerando três cursos de rio
que se encontra com o mar, de leito muito fino. Fizemos uma pequena pausa para
Graziela se banhar e lavar os pés, pois estava com muitos calos na sola.
Com
o inicio da maré baixa, por volta das 13:00, chegamos a praia do Aimbim. A
chuva ficou bem mais forte, atrapalhando a visibilidade, e as rajadas de vento
e os raios me deixaram assustado. Além disso, comecei a senti muito frio devido
está muito encharcado. Chamei Graziela e
opinei em montar acampamento e aguardar, pois a chuva não parece ser
passageira.
Poucos
metros visualizei uma pequena "tenda" danificada, feita com palhas
secas de coqueiros e algumas toras de madeira, além de uma pequena mesa. Chamei Graziela e disse: - "vamos montar a barraca ali".
Montei
a barraca com muita dificuldade, devido ao vento forte e a chuva. As 13:30,
após 24 km de caminhada, o acampamento foi montado, muito cedo e fora do
planejamento. No nosso roteiro o acampamento seria entre as praias do Arandi e
Saquaíra, que deve estar uns 5 km adiante, mas não foi possível.
Durante
o planejamento a previsão de chuva durante a caminhada era considerada.
Entretanto, não pensava que poderia ser uma tempestade como foi concretizada.
Nesse período, mesmo com risco de chuva, era o único momento oportuno que
poderia fazer essa travessia, junto com Graziela, viemos preparados para esses
imprevistos.
Imagem 05 - Acampamento "improvisado" na Praia do Aimbim. Maraú, Bahia, 2018.
Mesmo
com a forte chuva conseguimos cozinhar e fazer o almoço na varanda da barraca,
uma modelo NEPAL AZTEC. O cardápio foi arroz com Feijão de caixa, lentilha,
ervilha, milho e batatinha. Utilizamos uma das garrafas de água de 1,5 para cozinhar.
Sem trégua na chuva deitamos na barraca e aguardamos, pegando no sono. Acordei
com Graziela por volta das 16:30 e a chuva forte continuava, não tinha
condições de sair, nem para urinar. O jeito foi deixar os pratos do lado de
fora e lavar no dia seguinte, pois estava perto de escurecer . A noite um casal
saiu de uma das luxuosas casas de praia com uma motocicleta, bem próximo a
barraca e com o farol alto, nos dando um maior susto.
DIA 02: DA CHUVA A TORTURA: PARTIDA DO AIMBIM A CHEGA EM TAIPUS DE FORA.
- Praia de Algodões
Apesar
da forte chuva, tanto Eu e Graziela obtivemos uma boa noite de sono. No inicio
da noite deixamos as mochilas cargueiras preparadas com a capa e dormimos com a
capa de chuva em caso de qualquer eventualidade . Os fortes ventos e os raios
eram de assustar, me deixando atento e um pouco preocupado. A barraca resistiu
bem, apesar de certos momentos da umas "balançadas" e ficar
"toda torta", sendo que já é a terceira vez que a NEPAL AZTEC de
Graziela resiste aos fenômenos climáticos nos acampamentos em que ficamos[5].
Imagem 06 - Fael e Graziela acampados na Praia do Aimbim. Maraú, Bahia, 2018.
Imagem 07 - Primeiras horas da manhã do dia 2 na Praia do Aimbim. Maraú, Bahia, 2018.
Prosseguir a caminhada com Graziela
na praia deserta e pouca visibilidade, sobre garoa e fortes ventos. Neste segundo dia prosseguimos a partir do
km 24 da costa leste da Península de Maraú. A maré estava vazia, tornando uma
condição favorável para caminhada descalço na faixa de areia, porém os meus pés
e o de Graziela estavam com o solado "esfarelando", condicionando
ardor e incomodo. A sapatilha não tinha condições de calçar, por está nova,
fazendo calos e um pouco apertada. Pensei que poderia "alargar", mas
foi ilusão. Pouco mais de 10 minutos a chuva diminuiu a intensidade e
aproveitamos para apressar o passo, chegando na praia de Algodões.
Uma
das mais badaladas da península, a Praia de Algodões se localiza no vilarejo de
nome homônimo a praia. Tem uma "fama" de ser uma localidade seletiva
e exclusiva a frequentadores com um poder econômico elevado. Famílias de classe
média alta, principalmente oriundas das regiões Sul e Sudeste do Brasil, chegam
com seus jatinhos particulares para se instalar em luxuosas e escondidas casas.
Em relação a praia possui as características das demais, com ondas, poções de
rochas e maré agitada. A chuva forte deixou o mar revolto e talvez
condicionando a quebrada forte das ondas no banco de areia.
Imagem 08 - Trecho inicial da praia de Algodões com o tempo fechado. Maraú, Bahia, 2018.
Mesmo
com um chuvisco um casal na praia, em baixo de uma amendoeira, parecendo que
estava observando a mim e Graziela carregando as mochilas cargueiras e
encharcados com a chuva, estavam atentos a nós. Poucos metros deles observei um
coqueiro baixo, carregados de coco. Parei, puxei o facão e arranquei mais de 10
cocos, bebendo todos com Graziela. Acabei deixando alguns no chão e mencionei
para eles, caso se interessassem nas frutas.
Imagem 09 - Fael na caminhada na Península de Maraú. Maraú, Bahia, 2018.
Imagem 10 - Fael e o cachorro na Praia do Arandi. Maraú, Bahia, 2018.
Imagem 11 - Fael e o cachorro atravessando a foz do rio na Praia do Arandi. Maraú, Bahia, 2018.
Um diferencial da Praia do Arandi,
para as que já passamos (Pontal, Piracanga, Aimbim e Algodões) é que com a maré
baixa proporciona a formação de
"piscinas naturais" com águas cristalinas, ótimo para
mergulhos e observação de peixes. Infelizmente o tempo estava fechado, a garoa
voltava a se transformar em pancadas de chuva, impedindo qualquer possibilidade
do banho de mar.
- Praia de Saquaíra
Minha coluna começou a doer e toda
hora fazia pequenas pausas e me agachava para "aliviar" o incomodo.
Graziela ficou um pouco preocupada porque não é comum da minha pessoa ficar
reclamando de dores quando faço trilhas ou caminhadas. Como estava recentemente
com o joelho direito operado, devido a uma cirurgia por artroscopia, as minhas
paradas preocupava ainda mais a Graziela. Acredite! O joelho não estava
incomodando nesses dois dias.
Imagem 12 - Fael e as paradas devido as dores na coluna. Maraú, Bahia, 2018.
Sem concordância seguimos num ritmo
mais devagar, devido as minhas paradas e as passadas curtas de Graziela,
chegando a Praia de Saquaíra. O surpreendente foi observar um bar aberto, mesmo
com a forte chuva.
Uma
pequena tenda de palha seca estava montada um pouco afastada da praia e dos
bares. Fiz uma parada para sentar e observar o pé de Graziela. A pele do pé
parecia farelo, só era passar o dedo e esfarelava. Não sei se ela estava
escondendo as dores, mas Graziela estava determinada em finalizar a caminhada
em Barra Grande.
Devido
as condições, e por termos mais um dia disponível para qualquer eventualidade,
sugerir passamos mais uma noite acampados, tendo como base a localidade de
Taipus de Fora, distante, mais ou menos, uns 10 km de onde estávamos. Graziela combinou nessa proposta, até mesmo
pelas condições do tempo e a gravidade que estava ficando os seus pés com as
feridas.
Imagem 13 - Graziela finalizando os últimos ajustes na mochila. Maraú, Bahia, 2018.
- Praia do Cassange
A chuva prosseguiu e as precipitações foram
caindo com maior intensidade. A forte chuva voltou a atrapalhar a caminhada e a
visibilidade. Contemplar a paisagem era impossível, o objetivo é chegar o mais
cedo possível em Taipus de Fora.
No
planejamento estava a parada para conhecer, ou até mesmo acampar, na lagoa do
cassange, mas com a forte chuva é inviável. Caminhamos os mais de 5 km da
imensa praia, parecendo que não tinha fim. O tempo fechou e escureceu de uma
forma tão surpreendente que o horizonte não podia ser visto, infelizmente não
deu para apreciar nada da imensa Praia do Cassange e a bela lagoa que está a
poucos metros da faixa de areia.
Nesse
trajeto, a todo momento, perguntava a Graziela como se sentia, pois abaixo dos
seus pés as feridas estavam se agravando com o atrito da areia. A caminhada
descalça era obrigatória e a menos dolorosa, mas ela foi forte e resistiu,
superando as dores.
Imagem 14 - Graziela na Praia do Cassange. Maraú, Bahia, 2018.
- Praia de Taipus de Fora
Quando
contornei a imensa praia do Cassange e visualizava as mansões em beira mar, já
era o aviso que Taipus de Fora estava próximo, nos deixando com mais
disposição. As 11:30 chegamos no povoado e nos instalamos em um dos poucos
camping que estão disponível no local. Dava
até para seguir e finalizar no distrito de Barra Grande, o ponto final desta
caminhada, mas o pé de Graziela estava muito ferido e o meu também, ocasionando
a tomamos essa decisão de acampar mais um dia em Taipus.
Imagem 15 - Fael na foz de um pequeno Rio que delimita as praias do Cassange e Taipus de Fora. Maraú, Bahia, 2018.
Taipus de Fora é uma localidade muito conhecida do município de Maraú/BA, onde se concentra indivíduos e famílias da classe alta do Brasil. Pessoas midiáticas costumam escolher Taipus de Fora para passar férias ou até mesmo passear. Apesar das imensas mansões, a estrutura urbana é precária e deixa a desejar. Os nativos sofrem bastante com o descaso, ficando perceptível o grande contraste e o antagonismo sócio-espacial daquela localidade.
Imagem 16 - Graziela na praia de Taipus de Fora. Maraú, Bahia, 2018.
DIA 03: A CHEGADA EM BARRA GRANDE NA COMPANHIA DO SOL.
- Praia dos Três Coqueiros
A
noite em Taipus de Fora foi tranquila, o cansaço colaborou muito para uma noite
de sono pesado. Além disso, o vilarejo e a praia de Taipus de Fora não estavam
apropriados para serem desfrutadas, a chuva da manhã e a tarde deixaram as
estradas alagadas, mar revolto e tempo muito fechado, sem condições. Eu e
Graziela não ficamos decepcionados, nem tristes, pelo fato de já ter conhecido
o local e curtido as suas belezas debaixo de um forte sol. O objetivo é a
caminhada e a conclusão do percurso na Península de Maraú.
Neste
terceiro dia, precisamente 03/06/2018, o dia amanheceu melhor, com um sol “acanhado” querendo da a “sua cara”. Poxa!
Porque o sol não apareceu no dia 02? Queria desfrutar a área da Praia do
Cassange e sua grande lagoa, desfrutar um banho na Praia de Algodões e
Saquaíra, enfim.
Desarmei acampamento com Graziela, tomamos café e seguimos a caminhada, iniciando as 09:00 da manhã. Antes de da seguimento priorizamos cuidar dos solados dos pés, pois as feridas davam medo, principalmente os pés de Graziela. Mesmo com esse “impasse”, Graziela estava animada para concluir.
Imagem 17 - Fael e Graziela na praia de Taipus de Fora. Maraú, Bahia, 2018.
De Taipus de Fora até Barra Grande da
7 km, trecho curto quando se trata em uma caminhada pela faixa de areia. A maré
estava baixa e isso condicionou a um “melhor conforto” na caminhada.
Mesmo
com o sol, os fortes ventos frios não davam animo ou condições para se banhar
no mar. Saímos de Taipus e não observamos banhistas até chegar em Três
Coqueiros. Nesse trecho é possível observar construções que pertence a marinha
e é possível observar o farol.
Imagem 18 - Fael na praia de Taipus de Fora. Maraú, Bahia, 2018.
Imagem 19 - Graziela a caminho da praia de Três Coqueiros . Maraú, Bahia, 2018.
- Praia da Ponta do Mutá
Chegamos
por volta das 10:30 na Ponta do Mutá e lá já tinha pessoas se banhando e
curtindo o mar. A maré baixa estava com uma boa cara para se banhar. As
barracas de praia já podiam ser vistas patrocinadas pelas marcas de cervejas
mais badaladas do mercado.
A
Praia de Ponta do Mutá é um dos melhores lugares para se banhar na Península de
Maraú devido as suas águas calmas. Já tive a oportunidade e quando o sol está escaldante as águas ficam quentes,
sensação muito boa ao ponto de não querer sair mais do mar.
Imagem 20 - A caminho da Praia da Ponta do Mutá . Maraú, Bahia, 2018.
- Praia de Barra Grande.
De
Ponta de Mutá já dava pra visualizar Barra Grande e nesse trecho as barracas e
casas luxuosas se destacam. Próximo ao vilarejo, Graziela e Eu observamos um
camping aberto e solicitamos se poderíamos tomar um banho. O proprietário foi
gentil e deixou, concluindo a travessia da costa leste da Península de Maraú,
finalizando as 11:30 da manhã.
A Praia de Barra Grande é o portal de acesso a Península de Maraú, onde está localizado o píer que atraca os barcos e lanchas que vem do município de Camamu/BA. A maioria dos turistas ingressa por ali, mas é possível seu acesso de carro, pelo péssimo trecho da BR-030, utilizado muito por pessoas que vem do Sul do Estado da Bahia. Na Vila só conseguimos passagem de lancha para Camamu/BA as 13:00, tomando um chá de cadeira até o regresso.
Imagem 21 - Praia de Barra Grande. Maraú, Bahia, 2018.
Sendo
bem objetivo, a travessia da Costa Leste da Península de Maraú da para fazer a
pé, em dois dias, tranquilamente. Mas, para aqueles que gostam de curtir muito
a paisagem, aconselho em fazer por três e duas noites, desfrutando bem de todas
as praias, vale muito a pena.
A
respeito de desfrutar as praias, infelizmente, Graziela e Eu demos um pouco de
azar, pois o tempo não oportunizou em da as condições seguras para curtir as
praias, principalmente o banho de mar e a contemplação peculiar das águas da
Península de Maraú, que do sul ao Norte se transforma das águas revoltas a
calmaria.
Aos
que gostam de travessias litorâneas, realizadas a pé, a Península de Maraú é
ideal e um roteiro inicial bem bacana para executar e se aprimorar para
desafios maiores.
[1] OS POBRES MOCHILEIROS. Ilha de boipeba, Cairu, Bahia, 2013. Relato disponível em: http://ospobresmochileiros.blogspot.com/2013/12/01-ilha-de-boipeba-cairu-bahia-2013.html
[2] OS POBRES MOCHILEIROS BA. Ilha de Tinharé, bahia, 2013. Relato disponível em: http://ospobresmochileiros.blogspot.com/2014/02/04-ilha-de-tinhare-cairu-ba-parte-01.html
[3] OS POBRES MOCHILEIROS BA. Garapuá, Ilha de Tinharé, bahia, 2014. Relato disponível em: http://ospobresmochileiros.blogspot.com/2015/07/05-garapua-ilha-de-tinhare-cairu-ba.html
[4] OS POBRES MOCHILEIROS BA. Ilha dos Frades, 2015. Relato disponível em: http://ospobresmochileiros.blogspot.com/2016/04/06-rl-ilha-dos-frades-salvador-bahia.html
[5] A 1° vez foi no acampamento do açu, localizada na trilha das Serra dos Órgãos/RJ; a 2° vez foi em alguns acampamentos no "topo" do Monte Roraima; 3° vez nesse acampamento na praia do Aimbim.
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