- Palmeiras, 27 de maio
de 2016. Sexta-feira
# - Estrada de Palmeiras.
Manhã fria, com céu coberto de nuvens. O Vale do Capão
amanhece mais um dia com seu tradicional clima de serra. Por falar em serra, as
partes mais altas sempre cobertas pelas nuvens carregadas de umidade. As 06:00
da manhã, Fael e Graziela acordaram, decididos a tentar chegar ao cume do
Morrão. Trilha que os dois, até então, tinham pouco conhecimento e raramente
ouvia falar.
Relatos foram procurados, dicas, comentários. Mas para a
surpresa, Fael achou um arquivo GPX (GPS), da trilha das mulas, no qual o
usuário que compartilhou no site wikiloc, de nome Marcelo. Essa referência foi
adquirida e incluída no GPS de Fael, caso precise.
Mesmo com esse trajeto “aparentemente correto”, Fael
iniciou o processo de mapear a trilha no qual vai caminhar, fazendo a marcação
dos pontos e contribuindo nos detalhes até o Cume do Morrão. Sendo assim, esse
grande dia chegou.
Terminado o café, Fael e Graziela preparam a mochila de
ataque, equipamentos e iniciaram a caminhada, partindo do camping no qual
estavam instalados (localizado na Rua do Juca) em direção ao centro da vila do
Vale do Capão.
A partir do Centro da vila os dois seguiram, a pé, pela
estrada de Palmeiras até o trevo de acesso a trilha das cascatas de Águas
Claras. A distância é por quase 1 km (ou um pouco mais), sendo que alguns
trechos de subidas íngremes, além dos carros que passam em alta velocidade,
lançando a poeira para quem está caminhando no acostamento. Fael e Graziela
tomaram as “barronfadas” dos motoristas mal educados, mas chegaram
tranquilamente até o trevo.
# - Trilha das Águas Claras.
Na
margem direita da estrada, no sentido Vale do Capão x Palmeiras, Fael e
Graziela seguiram pela estrada vicinal alternativa, em direção ao Morrão,
passando por algumas residências presentes nas margens.
Imagem 01
- Graziela na estrada de acesso a trilha de Águas Claras. Palmeiras, Bahia,
2016.
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Atravessando o primeiro
rio, Fael e Graziela chegaram a trilha verdadeira de acesso a águas claras e a
base do Morrão, bem delimitada e batida, de fácil visualização. Esse trecho faz
parte da rota conhecida como “caminho das mulas”, roteiro mais curto entre o
município de Lençóis e a Vila do Vale do Capão. Hoje esse é muito utilizado
pel@s trilheir@s. Além disso, o caminho é circuito para ciclista de MTB, que
praticam as pedaladas entre o Vale do Capão x Lençóis (vice-versa).
Maior parte do trecho é fácil, bem delimitado, no qual se tem
a referência em sempre caminhar, pela direita, quando surgir uma bifurcação.
Como faz parte de circuito de Mountain bike, surgem bifurcações que podem
levar, por alguns quilômetros, a mata. Fazendo com que tenha perca de tempo e
na pior das hipóteses se perderem.
Fael e Graziela já tinham feito a trilha de águas claras e
sabiam que a referência é o Morrão está sempre ao lado esquerdo, caminhando nas
trilhas a direita da bifurcação. Portanto não tiveram muita dificuldade.
Imagem 02
- Graziela na trilha das Águas Claras. Palmeiras, Bahia, 2016.
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# - Trilha do Morrão.
Passando
por um córrego, sentido a esquerda e em seguida voltando a trilha principal, Fael
e Graziela localizaram a difícil bifurcação de acesso ao Morrão. Pois por ser
um caminho pouco frequentado a vegetação tomou conta das margens, impedindo da
trilha ser visualizada. Seguindo pela esquerda está localizada a trilha de
acesso a base do Morrão.
Imagem 03
- Bifurcação de acesso a trilha do Morrão. Palmeiras, Bahia, 2016.
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Trecho
inicial fechado, algumas vezes confuso, que leva até a base do Morrão, chamando
a atenção de Fael e Graziela. Pois além da trilha “verdadeira” está sendo
coberta pela vegetação, existem caminhos mais batidos, (provavelmente feito por
mulas e conhecidos como “caminho de mula”) direcionando a outros destinos ou
até mesmo a “lugar nenhum”.
Fael e Graziela seguiram pisando nas
vegetações que pareciam um capim, no qual os mesmos de sandálias sentiam
coceiras e ardência nos pés. Mais a frente à trilha fica bem nítida e contorna
pela direita, fazendo com que @ trilheir@ visualize o Morrão na sua face Oeste.
Nesse ponto no qual se visualiza o Morrão, bem próximo e com
nitidez nos detalhes rochosos em sua face oeste, faz com que @ trilheir@
perceba que pareça ser outro morro, pela sua forma, e tamanho. A visualização
tradicional no qual se tem na estrada de acesso a Palmeiras, na trilha da
fumaça por cima, no poço do gavião, etc. é totalmente diferente quando está na
base de acesso ao cume.
Imagem 04
- Face Oeste do Morrão. Palmeiras, Bahia, 2016.
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- Ataque ao Cume.
A frente está a segunda parte da trilha do Morrão, a forte
subida íngreme de acesso a área plana próxima as suas duas elevações (mais a
frente será detalhada). As rochas sobreposta uma nas outras, “facilita a
caminhada” e no direcionamento ao ataque até o cume.
Passava
das 11:10 quando Fael e Graziela começaram a “escalaminhar” o Morrão. Apesar de
ser um trecho íngreme, não é difícil em ser realizado. Mas, por conta do
horário, além do sol forte e a temperatura elevada, os dois sentiram desgastes
e faziam paradas estratégicas (5 minutos). Ressaltando que alguns metros acima,
quase na metade da subida até uma área mais plana próxima ao cume, o caminho
direcionará @ trilhei@ para uma imensa rocha, no qual a ser visualizada leva a
imaginação em ser impossível de subir sem nenhum equipamento. Contudo a
vegetação esconde o trecho, a direita, em que a trilha contorna a rocha e
continua acima. Após ter conhecimento sobre essa informação, @ trilheir@
perceberá quando chegar e lembrará.
Imagem 05
- Graziela na trilha de ascensão ao cume na face Oeste do Morrão. Palmeiras,
Bahia, 2016.
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Após 1h e 10 minutos, por volta das 12:20, Fael
e Graziela chegaram a área plana do Morrão, próximo ao cume. Nesse ponto a
formação rochosa possibilita a seguir por dois caminhos conhecidos como: “Cume
sul” e Cume Norte.
Imagem 06
- Área plana do Morrão com vista para o “Cume Sul”. Palmeiras, Bahia, 2016.
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O
“Cume Sul” é o falso ponto culminante, enquanto o “Cume Norte” é o verdadeiro
ponto culminante. Fael e Graziela já tinham essas informações anotadas e
decidiram seguir para o “Cume Sul” e em seguida ao ponto mais alto do Morrão.
Sendo assim os dois “escalaminharam” a direita, em direção sul, numa trilha
demarcada, mas com as margens cobertas pela vegetação alta que atrapalhava a
visibilidade do caminho. Apesar disso, Fael e Graziela fizeram em 15 minutos
até chegar o ponto mais acessível da elevação sul do Morrão (conhecido como
falso cume).
Na
parte sul se tem uma vista detalhada da trilha das Águas claras, da Serra do Sobradinho
e a localização do Vale do Capão. Com quase 1.200m de altitude (+/-), a
elevação sul proporciona uma vista única em torno das áreas mais conhecidas da
Chapada (o Vale do Capão e a Serra do Sobradinho).
Fael e Graziela ficaram por quase 20
minutos apreciando a paisagem e refletindo, ao som dos fortes ventos que se
direcionava ao Oeste. O intuito era ficar por mais tempo, mas as abelhas não
queriam a presença deles por ali.
Imagem 07
- Fael e a vista do “Cume Sul” do Morrão. Palmeiras, Bahia, 2016.
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A
descida foi tranquila, já que o caminho foi mapeado e marcado com alguns
totens, que facilitou a chegada até a base plana do Morrão.
Seguindo a frente, a esquerda e direção norte de que finaliza
a subida até a área plana, Fael e Graziela iniciaram o processo de localizar e
demarcar a trilha, já que existe alguns trechos que foram cobertos pela
vegetação e outros de lajedo. Poucos minutos a trilha foi localizada, um pouco
a frente de uma área descampada, iniciando o processo de marcação com os totens
até o cume.
Esse processo não foi complexo, apenas cauteloso, já que essa
marcação tem como objetivo de orientar o trilheiro e facilitar a caminhada até
o cume verdadeiro do Morrão. Fael e Graziela optaram pela marcação pelo fato de
muitos trilheir@s não terem aparelhos GPS disponíveis (ex: os etrex da Garmin).
Os mesmos estavam em posse de um do modelo etrex 10, mas mesmo assim, decidiram
marcar georreferenciando no aparelho, como com a técnica dos totens, para
aqueles que não possuem o aparelho disponível e nem o arquivo GPX
(posteriormente lembraram que tinha um arquivo GPX de apoio do Marcelo que
tinham baixado no wikiloc).
Após, a trilha finaliza em uma área mais elevada íngreme,
composta por rochas. A referência foi alguns desgastes que estavam nos trechos rochosos
que facilitou a localização de Fael e Graziela em continuar.
Escalaminhando, Fael e Graziela continuaram marcando com
formação de totens nas margens das trilhas e algumas setas. Mais acima a trilha
está bem visível e detalhada, apesar de ser trecho de lajedos.
Imagem 08 - Elevação ao norte de acesso ao Cume do Morrão.
Palmeiras, Bahia, 2016.
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Por
volta das 13:30, Fael e Graziela visualizam grandes totens marcando o ponto
mais alto do Morrão, com a elevação oficial de 1318m (apesar que o GPS marcava
1312m). Com vista para a trilha das
águas claras, uma amostra do Morro Pai Inácio, a BR-242, entre outras formações
naturais, o cume do Morrão mostra uma paisagem “obra de arte”, parecida com quadros
paisagísticos que fascina @ trilheir@.
Debaixo de um sol forte, Fael e Graziela permaneceram por uma
hora contemplando a vista do ponto mais culminante do Morrão. Os rios parecem
maquetes, as serras minúsculas e a vegetação tapetes. Uma particularidade de
muitas interpretações e reflexões.
Imagem 09 - Fael e Graziela no ponto mais culminante do Morrão
(“Cume Norte”). Palmeiras, Bahia, 2016.
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As
15:00 os dois iniciaram o regresso até o Vale do Capão. A volta foi mais rápida
e tranquila, pois o Morrão estava mapeado pelos totens e após a bifurcação de
acesso, na trilha das águas claras, os caminhos são bem visíveis e delimitados. Esse percurso durou 3h, dês da descida até o
Vale do Capão, chegando por volta das 18:00, realizando o percurso invertido do
que foi feito na ida.
Imagem 10 - Panorâmica da vista do ponto mais culminante do
Morrão (“Cume Norte”). Palmeiras, Bahia, 2016.
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- Em maio de 2017 Fael atacou o cume do Morrão novamente, para testar o joelho
após uma cirurgia realizada devido ao rompimento dos ligamentos e a luxação da
patela. A trilha permanece com as mesmas características, contudo alguns totens
foram desmanchados (maior parte na elevação norte do Morrão) e refeitos por ele
em lugares estratégicos contra o vento.
Poxa, que legal ler o relato de vocês. Ano passado fui com um grupo para fazer o Morrão, mas quando chegaram naquela pedra que é preciso escalar (já quase no final da subida), decidiram desistir. Fiquei frustrado, mas voltarei para fazê-lo. A única diferença é que nós não fizemos pelo caminho de Águas Claras. Fizemos por Conceição dos Gatos que é uma paisagem fascinante. Por essa trilha, vc sempre vê o Morrão de frente e não é preciso dar a volta para escalar.
ResponderExcluirOlá! Erick. Fico muito grato pelo seu comentário. Bem esse roteiro não tinha ouvido falar. Coloquei até na lista de futuras trilhas. Com relação a sua tentativa não desista não e o trecho é simples. Quem visualiza na primeira vez toma até um susto, mas depois ao vencer vai perceber que só é aparência. Espero que volte em breve e visualize a bela paisagem no cume do Morrão. Abraços.
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