04 - Ilha de Tinharé, Cairu BA (PARTE 02)


# - Festival de Primavera (02° dia).

O certo é cobrar quando o barco sai do cais, porém navegante não cobrou. Consequência disso foi que ao chegar no atracadouro da Gamboa alguns passageiros pularam do barco sem pagar a passagem. Graziela fez a mesma coisa, pulando o barco, “parecendo um pitu”, sem pagar a passagem no valor R$ 5,00. Fafau e Faaeel, vindo que Graziela tinha se saído, foi atrás dela e com passos largos se distanciou do barco não pagando os R$ 5,00. Ao chegar no camping foi uma resenha entre os três, principalmente com a cara de Graziela.


Chegando ao camping da Gamboa Fafau, Faaeel e Graziela se apressaram para tomar um banho e fazer o rango devido ao festival de primavera que os mesmos queriam assistir. Hoje era a 02° noite do festival, tendo como principal atração o cantor Nando Reis. Após tudo pronto Fafau, Faaeel e Graziela saíram para Morro de São Paulo as 19:00, pela costa, para não pagar os R$ 5,00 do transporte de barco.

Com a maré baixa e a lua cheia iluminando a praia praticamente deserta Fafau, Faaeel e Graziela caminharam por cerca de uma hora e meia, pela costa, até chegar ao “portal” de Morro de São Paulo. Chegando por lá, mostraram o bilhete (que já tinha pago mais cedo) ao segurança e seguiram em direção ao local do evento.

* O bilhete para Morro de São Paulo é válido por três dias (se não engano) para as pessoas que estão hospedadas fora da vila. Como Fafau, Faaeel e Graziela tinha comprado na tarde, estava válido na noite do mesmo dia.


Foto 30:  Graziela. Manifestação Cultural.

 Morro de São Paulo, Ilha de Tinharé,

Cairu BA, 2013.
Ao subirem a ladeira após o “portal”, Fafau, Faaeel e Graziela presenciaram um manifesto cultural, tendo como protagonistas os próprios nativos, parecendo uma marchinha. Fafau, Faaeel e Graziela seguiram atrás dos mascarados, que através de conchas e ferramentas de construção fizeram um bom arranjo animando a todos que estavam na vila. Depois de mais ou menos uns 40 minutos o movimento se encerrou na SEGUNDA PRAIA, local onde será realizado o festival gratuito da primavera de Morro de São Paulo.


Foto 32: Mascarado, Faaeel, Fafau.
 Morro de São Paulo. Ilha de Tinharé,
 Cairu BA, 2013.

Foto 31:  Fafau, Graziela, Mascarado.

Manifestação Cultural. Morro de São Paulo,

 Ilha de Tinharé,Cairu BA, 2013.

Ao se acomodarem na areia começou a chover, fazendo com que os três se direcionassem até um bar a fim de se protegerem da chuva. Após a chuva diminuir sua intensidade, transformando-se em garoa, Fafau, Faaeel e Graziela seguiram até a praia para assistir a primeira banda a tocar no festival chamada RAM. 

* A RAM significa: Ritmos, Ações e Manifestos. É uma banda formada em Morro de São Paulo que produzem composições revolucionárias, questionando o governo, o modo de produção capitalista, entre outros. 


Foto 33: Fafau, Graziela. 
Show de Nando Reis.
 Morro de São Paulo.
 Ilha de Tinharé, Cairu BA, 2013.
A ideologia de suas canções atraiu uma galera que lotou para acompanhar a sua apresentação. Depois de 1h de show da Banda RAM, apareceu Nando Reis que incendiou o público com suas musicas clássicas, levando a galera ao delírio. Após curtir o show, que terminou por volta de 01:00 da manhã Fafau, Faaeel e Graziela seguiram ao cais, e dessa vez pagaram o barquinho até Gamboa. Chegando por lá, se direcionaram até o camping, onde “morgaram” para no outro dia pensar em qual rota explorar.





Cairu, 16 de novembro de 2013. Sábado.


# - Trilha Gamboa x Morro de São Paulo (Por cima).


Como de costume, Fafau, Faaeel e Graziela acordaram cedo e foram a cozinha preparar o café.  Chegando por lá, Fafau conheceu um Professor de Geografia que se chama Flávio, morador do município de Maracás-BA. Na resenha, ele disse que estava com um grupo de alunos para apresentar um trabalho de campo na Ilha de Tinharé, com o entrosamento Fafau, Faaeel e Graziela foram convidados pelo Professor para a aula e como não tinha nenhuma rota traçada para esse dia, acabaram topando. Vale lembrar que Faaeel faz graduação no curso de Geografia.

As 09:00 Fafau, Faaeel, Graziela, junto com o Professor e seus alunos, seguiram pelas ruas da Gamboa que muito visitante não conhece. 

Acompanhado de um nativo, o professor foi explicando a formação e a distribuição do território com antigos grupos de pescadores que deram formação a vila. Seguindo, o grupo se bateu em uma bifurcação que tem duas estrada e uma trilha. Chegando naquele ponto o nativo pediu para a galera parar afim de que ele explicasse uma situação que ocorreu ali, o mesmo falou que a frente onde o grupo estava tem uma imensa casa que pertence a um Uruguaio (todos observaram a casa), aquele terreno era desse nativo que está discursando e que na época o mesmo vendeu por R$ 2.500,00, hoje esse mesmo terreno deve valer 100 vezes a mais do valor comprado na época.

Esse fato é interessante porque explica um pouco da nova configuração territorial que se forma, não só na Gamboa do Morro mais da toda a Ilha de Tinharé, com um grande número de estrangeiros investindo pesado no local com a concepção de ocupar aquele espaço, dando uma nova dinâmica e formas espaciais na Ilha. Após a explicação o grupo se despediu do nativo, seguindo pela trilha um pouco fechada a direita, iniciando uma boa subida.

#0 - Cachoeira Fonte do Céu.


Com mais ou menos 10 minutos de caminhada, subindo a trilha e dobrando a direita, Fafau, Faaeel e Graziela, acompanhados pelo Prof. Flávio e seus alunos, encontraram uma pequena cachoeira chamada de Fonte do Céu. Essa queda não é muito frequentada por visitantes por conta de ser um local “sagrado” para alguns nativos, ali é uma das fontes ou a principal fonte de abastecimento de água para a vila de Gamboa, são poucos visitantes que frequenta esse local.

O Professor Flávio começou a explicar aos seus alunos as formações rochosas do local, essas formações é um fenômeno lento devido as quedas d água da cachoeira, “moldando” as formas das rochas, o mesmo argumentou que ali é a principal fonte de abastecimento da população da Vila de Gamboa, exemplificou ainda ações de conservação da área e finalizou com ideias sustentáveis para preservar e respeitar o local.

Após mais uma etapa da aula, os alunos do Professor Flávio foram liberados para curtiram o banho na cachoeira. Fafau, Faaeel e Graziela fizeram o mesmo. Depois de apreciar a cachoeira todos seguiram em direção ao Mirante da Gamboa.


Foto 34:  Cachoeira Fonte do Céu. 
 Gamboa, Ilha de Tinharé, Cairu BA, 2013.
Foto 35:  Aula de Campo do Prof. Flávio. 
Cachoeira Fonte do Céu. Gamboa
Ilha de Tinharé, Cairu BA, 2013.

#1 - Mirante da Gamboa.


Saindo na trilha da cachoeira o grupo continuou a subida, que é um pouco íngreme, até uma cerca onde está localizada uma propriedade particular. Os mesmos atravessaram a cerca e caminharam por cerca de 10 minutos até observarem que no meio da trilha principal existe outra trilha “secundária”, a esquerda, em direção a vista do mar. Sendo assim, o professor desviou pelo caminho a esquerda e deu de cara com um precipício, que na verdade é o Mirante da Gamboa. 

Foto 36:  Vista da  Vila da
 Gamboa do Morro,

 Ilha de Tinharé, Cairu BA, 2013.

Proporcionando uma vista panorâmica da Praia da Gamboa do Morro, o mirante hipnotiza qualquer visitante, devido a sua bela vista da extensão do mar. Porém, o Mirante da Gamboa está em um local bastante perigoso por se encontrar acima do morro de argila, esse morro de argila está no processo de erosão marinha, correndo o risco de desabar.






O professor Flávio explicou o local para sua turma, Fafau, Faaeel e Graziela acompanharam a explicação do mesmo. Fafau, Faaeel e Graziela perceberam que o mirante fica acima do paredão de argila da Gamboa, e como o morro de argila está no processo de erosão marinha avisaram ao Professor Flávio e seus alunos a saírem daquele ponto e voltar para a trilha, por questões de segurança.

Foto 37:  Vista  da praia de Gamboa do Morro,
  Ilha de Tinharé, Cairu BA, 2013.

#2 - Parte “pobre” do Morro de São Paulo.


Sendo assim, o grupo seguiu em direção a Morro de São Paulo pela trilha acima. Após 01 quilometro, aproximadamente, a trilha termina na beira de uma estrada de terra, o Professor Flávio orientou ao grupo para virar a esquerda e caminhar pela estrada. Após 500m, aproximadamente, o grupo chega a uma das áreas de Morro de São Paulo que quase ninguém conhece: A parte “pobre” do Morro.

* Local não divulgado, logo, sem o conhecimento da maioria dos indivíduos que ali visita, a parte “pobre” do Morro é um pequeno aglomerado de casas construído no meio da mata atlântica, esse processo aconteceu devido ao desenvolvimento sem o devido planejamento do local. Os nativos (a maioria pescadores) que prevaleceram por uma boa parte de suas vidas próxima a costa, encontram-se atualmente afastados da praia, devido ao investimento dos grandes empresários nas áreas costeiras da vila. A consequência desse fato é o processo de segregação social desses nativos que são afastados da zona de turismo (áreas em frente às praias), servido de mão de obra para esses empresários que atualmente “comanda” o local. 

As boas ofertas dos empresários para a compra dos terrenos que os nativos possuíam próximo a costa contribuíram nesse processo de segregação dos moradores locais, gerando uma nova configuração do local devido ao grande lucro que o turismo oferece para os empresários. Esses lucros se dão através dos investimentos que esses empresários fizeram no loca, principalmente nos setores de hotelaria e turismo. Como alternativa, esses nativos construíram de forma desordenada as casas entre as matas, sem nenhum planejamento urbano por parte dos órgãos públicos, havendo a consequência a falta de saneamento, higienização, desmatamento, etc. 

Foto 38: Outra parte de

 Morro de São Paulo,

 Ilha de Tinharé,

Cairu BA, 2013.

Fafau registrou uma foto do local a fim de mostrar o contraste das áreas urbanas e sociais que possui a vila de Morro de São Paulo, fazendo uma pequena crítica do local que é visto pela mídia como um local onde é o paraíso, e que não existem problemas sociais.








Após essa breve analise Fafau, Faaael, Graziela, O prof. Flávio e seus alunos continuaram pela estrada de terra. Por volta das 12:00, o Professor Flávio parou em um restaurante para os alunos almoçar, Fafau, Faaeel e Graziela esperaram do lado de fora com mais dois alunos que fizeram amizade mais próxima. Resenha vai e vem e mais ou menos umas 13:30 o grupo seguiu para Morro de São Paulo, chegando na Rua da Fonte.

#3 - 01° a 04° Praia.


Saindo do restaurante, dobrando a esquerda e seguindo o calçamento, tu vai se deparar com a fonte antiga (já mencionado no inicio do relato). O professor Flávio aproveitou para explicar os alunos a origem da construção da fonte, após, seguiram para as Praias do Morro. 

Foto 39: Professor Flávio e os alunos do

Colégio Estadual de Maracás BA. 
02° Praia a 03° Praia. Morro de São Paulo

 Ilha de Tinharé, Cairu BA, 2013.

O Professor Flávio levou os seus alunos para visitar a 01°, 02°, 03° e 04° praia, aproveitou o momento para explicar alguns fenômenos naturais que acontece no local, a importância desses fenômenos, a conservação de alguns lugares como o exemplo presencial de um manguezal etc.






Foto 40:  Aula de Campo.
 Fortaleza do Morro,

Ilha de Tinharé, Cairu BA, 2013.


Após a aula de campo, do Professor Flávio, Fafau, Faaeel e Graziela, junto com o grupo de alunos seguiram para a Fortaleza do Morro, onde o professor  explicou aos mesmos a história do patrimônio Histórico (mencionado já nesse relato). 





Foto 41:  Slackline na Fortaleza.

Morro de São Paulo 
Ilha de Tinharé,

Cairu BA, 2013.


* Um fato que chamou a atenção de Fafau, Faaeel e Graziela é de que uma Escola Estadual no município de Maracás-BA organizou um trabalho de campo com os alunos do 03° ano sobre um pouco do processo histórico da Bahia, em destaque a Ilha de Tinharé e suas paisagens. Esse projeto foi organizado pelo Professor Flávio de Geografia, através de uma rifa e com o apoio do diretor da Escola que estava presente na aula de campo junto com sua esposa. Hoje é uma raridade encontrar esse tipo de trabalho em uma Escola Pública no Estado da Bahia, por isso a surpresa do trio mochileiro




#4 – Trilha para não pagar a taxa ambiental.

A noite o grupo se dividiu para voltar ao camping da Gamboa. Os dois rapazes que fizeram amizade com Fafau, Faaeel e Graziela resolveram voltar a Gamboa pela praia a pé, junto com o trio. Os demais foram de barco.


Fafau, Faaeel e Graziela ficaram se perguntando: Qual o caminho que os dois alunos fariam, já que no momento a maré estava alta? Analisando as possibilidades dos caminhos que poderiam seguir, observaram que não teriam como. Os dois caminhos seriam: O cais, não dava no momento por conta da maré alta, impossibilitando a caminhada em um determinado trecho; pela trilha a cima não tinha a possibilidade, devido a falta de luminosidade do trecho. Sendo assim, qual seria então o caminho? Em resposta, os dois alunos ensinaram a eles qual caminho a fazer, independente da maré está cheia ou não. 

* O Professor Flávio, que conhece uma boa parte da Ilha de Tinharé, ensinou aos dois alunos uma trilha bastante usada por nativos que serve de ligação entre Gamboa e
Morro de São Paulo. Caminhando pela Rua da Fonte, dobrando a direita, você vai observar uma pequena trilha, a direita, iluminada, devido alguns postes que estão no local. Após iniciar esse caminho você
começa a contar as descidas que você vai observar a sua direita em direção a praia. Quando chegar na terceira descida, em formato de uma “escada” de terra, você vai descer essa escada até a praia. Mesmo com a maré cheia da para caminhar sobre os bancos de areia, próximos as rochas, nesse trecho você vai molhar os pés por conta das ondas se arrebentarem nos paredões argilosos, (mas nada que assuste). Então esse é o macete: Saindo onde você estiver em Gamboa, tu segue até a praia, pela direita, em direção a Morro de São Paulo (A NOITE LEVE UMA LANTERNA), quando passar de uma ponte de concreto e observar primeiro poste acima do paredão, pode subir, dobrar a esquerda e seguir direto que você irá chegar na Rua das Fontes, dentro da Vila. Nesse trecho já economiza R$ 15,00, valor da taxa ambiental. [risos].

Foto 42: Lua Cheia em Morro de SP.


Foto 43: Faaeel e Fafau com os

dois alunos do colégio de Maracás.

Morro de São Paulo,

 Ilha de Tinharé, Cairu BA, 2013.














Cairu, 17 de novembro de 2013. Domingo.


# – Cairu-BA x Itaparica-BA.


Fafau, Faaeel e Graziela acordaram cedo, desarmaram as barracas e seguiram para o cais. Chegando por lá não encontraram lancha para o porto e os clandestinos estavam cobrando muito caro. Sendo assim, pegaram um barco até o atracadouro do município de Valença-BA. 

Foto 44: Barracas de: Fafau e
Faaeel / Graziela

Gamboa, Cairu BA, 2013.
Foto 45: Desarmamento do camping,

Gamboa, Cairu BA, 2013.

Por lá os 03 conheceram uma mulher, que por coincidência é Professora de Geografia, e começaram a resenhar sobre a região. Após a conversa se despediram e seguiram para o posto da policia rodoviária estadual, nas margens da BA 001, afim de conseguir uma condução até Bom Despacho (Itaparica-BA). Chegando por lá Fafau, Faaeel e Graziela encontraram uma van que estava a espera dos passageiros, os mesmos pagaram o valor de R$ 20,00 (COM AR) e seguiram para a Ilha de Itaparica BA para encarar a abençoada fila do Ferry-Boat.

É isso ai amigo (a) trilheiro (a), espero que o relato possa ter contribuído para tirar as duvidas sobre o local e que tenha despertado interesse em lugares que foram citados e você não conhecia. Qualquer duvida só é mandar para o e-mail: ospobresmochileiros@gmail.com que responderemos o mais breve possível.
















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Inicio esse blog com uma adaptação de um prefácio do livro Homens e Caranguejos, escrito pelo autor Josué de Castro (1908-1973), na perspectiva em mostrar ao leitor o que os relatos podem contribuir (ou não) em seu planejamento, em sua viagem, ou até mesmo na construção de um capitulo da sua vida.

" Nas terras [...] do Nordeste brasileiro, onde nasci, é hábito servir-se um pedacinho de carne seca com um prato bem cheio de farofa. O suficiente de carne - quase um nada- para dar gosto e cheiro a toda uma montanha de farofa feita de farinha de mandioca, escaldada com sal. Foi talvez, por força, deste velho hábito da região do Nordeste Brasileiro, que resolvi servir ao leitor deste blog, muita farofa com pouca carne. Sentido que a história que vou contar (através dos relatos), uma história magra e seca, com pouca "carne de emoção". Resolvi desenvolver os textos bem explicativo que engordasse um pouco desse blog e pudesse, talvez, enganar a fome do leitor - a sua insaciável fome de aventura e emoção - em busca de objetivos e ações na constituição de um "novo", uma mudança em suas práticas cotidianas, na concepção em viver os momentos e aproveitar o sentido da vida" (CASTRO, 1967).

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